A Síndrome da Insuficiência Cardíaca é a apresentação final de uma série de doenças cardíacas. Segundo o DATASUS, as doenças cardiovasculares são a terceira causa de internações hospitalares e a Insuficiência Cardíaca é a principal causa de internação cardiovascular no Brasil, informações que dão a dimensão da importância desta síndrome como problema de saúde pública.

Além disso, com o envelhecimento populacional e o aumento da sobrevida de pacientes cardiopatas, espera-se um aumento progressivo dos casos de Insuficiência Cardíaca nos próximos anos.

Até a década de 90, a mortalidade em 5 anos dos pacientes com Insuficiência Cardíaca chegava a inimagináveis 60% - 70%. Nos últimos 30 anos, diversas terapias medicamentosas mostraram benefícios em pacientes com insuficiência cardíaca. Atualmente, temos disponível um amplo espectro de medicações para pacientes com insuficiência cardíaca que conseguem, na maioria das vezes, melhorar e controlar sintomas e reduzir mortalidade de hospitalizações durante o curso da doença.

Adicionalmente, a utilização de dispositivos como marca-passos que ressincronizam o coração e o cardiodesfibrilador implantável contribuíram ainda mais para a melhora de sobrevida em pacientes selecionados com insuficiência cardíaca.

A Insuficiência Cardíaca é uma doença crônica e que na maioria dos casos não apresenta cura. Apesar de todos os avanços anteriormente descritos, parte significativa dos pacientes com Insuficiência Cardíaca ainda evoluiu para um estágio final da doença (estágio D), refratário ao tratamento padrão, onde a taxa de mortalidade alcança índices alarmantes, superiores a 50% em 1 ano. Nestes casos faz-se necessário a utilização de procedimentos avançados como o Transplante Cardíaco e os Dispositivos de Assistência Ventricular Esquerda Mecânica.

O primeiro Transplante Cardíaco foi realizado em 1968 na África do Sul. Desde então avanços no âmbito da técnica cirúrgica, no cuidado perioperatório e na medicação imunossupressora tem melhorado significativamente a sobrevida dos pacientes submetidos ao Transplante Cardíaco. Segundo o último relatório da “The International Society of Heart and Lung Transplantation”, um registro internacional de Transplantes Cardíacos, a sobrevida média de um indivíduo submetido a procedimento é de 11 anos. Naqueles que sobrevivem ao primeiro ano pós-transplante, a sobrevida média alcança expressivos 14 anos.

O Brasil é reconhecido internacionalmente no campo do Transplante Cardíaco pela sua vasta experiência em Transplante na Doença de Chagas. Mesmo com este pioneirismo, muitos médicos em nosso meio ainda desconhecem a possibilidade de indicação de Transplante Cardíaco em pacientes com Cardiopatia Chagásica.

Os Dispositivos de Assistência Ventricular Esquerda Mecânica foram introduzidos recentemente em nosso meio, mas já têm sido utilizados rotineiramente há cerca de 20 anos em centros especializados na Europa e Estados Unidos. No Brasil, o Hospital Sírio-Libanês é pioneiro em um Programa de Implantes de Dispositivos de Assistência Ventricular sendo um dos centros de maior experiência da América Latina na indicação, no implante e no cuidado de pacientes com Dispositivos de Assistência Ventricular.