- Home › Blog › Otorrinolaringologia › Enjoos ao andar de carro ou ao assistir a filmes podem ser sintomas da cinetose
Enjoos ao andar de carro ou ao assistir a filmes podem ser sintomas da cinetose
Você passa mal quando anda em algum meio de transporte ou diante de alguns movimentos atípicos de seu corpo? Se sua resposta foi "sim", provavelmente você tem cinetose, a "doença do movimento" ou o "mal do movimento".
Para que o corpo possa se orientar, o sistema nervoso central combina as informações transmitidas pela visão, pelo tato e pelo labirinto (orelha interna). No entanto, se houver conflito no registro dessas informações, ele pode reagir desencadeando a cinetose, segundo explica o professor de Otorrinolaringologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e otorrinolaringologista no Sírio-Libanês, o dr. Maurício Malavasi Ganança.
Alguns cuidados contra a cinetose
Para diminuir as chances de ter cinetose ou para tentar minimizá-la ao usar meios de transporte, algumas dicas podem ajudar:
- Fixe a visão no horizonte
- Não leia ou mexa no celular
- Sente no banco da frente ou, se possível, dirija
- Coma pouco ou não coma antes da locomoção
- Não consuma bebida alcoólica
- Fique calmo
- Não observe ou converse com alguém que esteja tendo cinetose
- Use os medicamentos prescritos pelo médico uma hora antes das viagens curtas
- Faça o tratamento preventivo e também durante todo o percurso de viagens longas (em navio, por exemplo), orientado pelo médico.
Alguns problemas neurológicos ou psiquiátricos também podem provocar cinetose. O primeiro sinal dessa síndrome costuma ser a palidez, frequentemente seguida por bocejos, inquietação, suor frio acima do lábio superior ou em todo o rosto. Depois disso, pode ocorrer náusea, salivação excessiva, desconforto físico, fadiga, dor de cabeça ou tontura, terminando em vômitos. Nos casos mais intensos, essa síndrome pode provocar desequilíbrio corporal, queda da pressão arterial, desidratação e abatimento físico e psíquico.
As pessoas com cinetose, além sentir enjoo ao andar de barco, avião e até em carro, geralmente passam mal também em brinquedos como roda-gigante, carrossel, montanha-russa, gira-gira, balanço e gangorra.
Essa doença pode afetar homens, mulheres e até crianças, principalmente as que têm entre 2 e 12 anos de idade, sendo as pessoas com enxaqueca as mais susceptíveis a desenvolver o problema.
Pessoas saudáveis também podem apresentar os sintomas da cinetose diante de movimentações inabituais do corpo, da cabeça ou quando o ambiente onde estão se movimenta. Contudo, naqueles que têm a doença, os efeitos são bem mais frequentes e, geralmente, mais intensos.
Diagnóstico, tratamento e prevenção da cinetose
A história clínica do paciente é essencial para o diagnóstico da doença, sendo o otorrinolaringologista, geralmente, o médico especializado nessa síndrome. Esse profissional analisa se há comprometimento do sistema vestibular periférico (do labirinto ou de nervo vestibular) ou central (de núcleos, vias e inter-relações vestibulares no sistema nervoso central).
O Sírio-Libanês conta com aparelhos de videonistagmografia e posturografia que permitem identificar o comprometimento da função vestibular em pacientes com cinetose.
Diagnosticado o problema, o tratamento deve ser feito com orientação médica. O tratamento da causa, seja ela vestibular, neurológica, seja psiquiátrica, é fundamental.
Exercícios repetitivos de reabilitação vestibular que promovem um mecanismo de habituação, realizados por diferentes períodos que variam caso a caso, costumam ser eficazes e podem ser realizados no Sírio-Libanês com o uso de estímulos de realidade virtual ou não.
Diversos medicamentos (antieméticos, gastrocinéticos e supressores vestibulares) podem também ser empregados para a prevenção ou a eliminação dos sintomas. A atenuação e a resolução da cinetose podem ser temporárias, exigindo tratamentos periódicos ou permanentes.
"Com um tratamento adequado e o uso de técnicas preventivas, o prognóstico é bom na maioria dos casos de cinetose", avalia o dr. Maurício Ganança.