Tumor mais frequente nos jovens, câncer de testículo pode ser curado
Diagnosticado em julho de 2017 com câncer de testículo, o jogador do Flamengo Ederson Honorato Campos, conhecido apenas como Ederson, chamou a atenção fora dos gramados ao falar sobre a doença. Incomum, esse tipo de câncer representa 5% do total de casos de tumores em homens no Brasil, segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca). No entanto, trata-se do câncer mais frequente em homens jovens. A boa notícia é que esse tipo de tumor pode ser curado na maioria dos casos, mesmo quando há metástases.
O tumor de testículo consiste em dois subtipos principais: seminoma e não seminoma. Essa diferenciação é feita pelo médico patologista após realização da cirurgia do tumor. Em geral, o câncer de testículo não seminoma tende a ser mais agressivo em comparação ao seminoma. Mesmo assim, as chances de cura são altas, informa o dr. Diogo Assed Bastos, médico oncologista no Hospital Sírio-Libanês.
Um dos fatores que contribuem para a grande chance de cura dos tumores de testículo é sua detecção, geralmente precoce. Como alterações no testículo são facilmente perceptíveis, a doença é descoberta em estágios iniciais, na maioria das vezes.
Quais os sintomas do câncer de testículo?
O principal sintoma do câncer de testículo é o aumento do volume de um dos testículos e incômodo na região. Pode também se apresentar como um nódulo duro, do tamanho de uma ervilha. Além disso, outros sintomas como dor imprecisa na parte baixa do abdômen e aumento ou sensibilidade dos mamilos também merecem atenção.
Segundo o dr. Bastos, dores agudas e inchaços repentinos dos testículos não são sintomas comuns desse tipo de câncer. No entanto, diante desses ou dos demais sintomas citados, um médico deve ser consultado.
Pancadas no testículo não causam câncer
Além de Ederson, vários outros esportistas já foram diagnosticados com câncer de testículo, entre eles Arjen Robben (futebol), Nenê Hilário (basquete) e Lance Armstrong (ciclismo).
Como esses atletas estão sujeitos a boladas ou outros tipos de pressão no testículo, levanta-se a possibilidade de essas ações terem sido a causa do tumor, mas isso é mito, explica o dr. Bastos. “Não existe nenhuma relação do câncer de testículo com pancadas na região”, afirma o médico.
O principal fator de risco para o câncer de testículo é a criptorquidia. Ou seja, quando os testículos, que são formados no interior do abdômen durante a gestação, não se deslocam para a bolsa escrotal antes de o bebê nascer. Aqueles que nascem com esse tipo de problema têm 10% de risco estimado para desenvolver câncer de testículo.
Como não é possível prevenir a criptorquidia, as crianças que nascem com esse problema devem ser acompanhadas mais de perto pelo pediatra. Os testículos podem descer naturalmente ao longo dos primeiros anos de vida. Caso contrário, a criptorquidia pode ser corrigida por cirurgia.
Como diagnosticar e tratar o câncer de testículo?
O ultrassom com doppler da bolsa testicular é o exame mais usado para diagnosticar o câncer de testículo. Quando diagnosticado em estágios iniciais, a cirurgia acaba sendo suficiente para tratar esse tipo de câncer. Realiza-se um procedimento de extração do testículo afetado.
O câncer de testículo, no entanto, pode atingir linfonodos (pequenos órgãos presentes nos vasos linfáticos) do abdômen, quando a doença está em estágio intermediário; ou provocar metástase (estágio avançado da doença), espalhando-se para fígado, pulmões e cérebro, por exemplo. “Quanto mais rápido for o diagnóstico, melhores são as condições de tratamento, embora mesmo nos casos de metástase há chances de cura”, comenta o dr. Bastos.
Para os casos de câncer de testículo nos estágios intermediários e avançados, o tratamento pode incluir quimioterapia e radioterapia, além da cirurgia. Em geral, quando essas terapias complementares são necessárias, o tempo médio de duração do tratamento é de quatro a seis meses.
O Centro de Oncologia do Hospital Sírio-Libanês conta com os mais modernos tratamentos disponíveis contra o câncer de testículo. Apesar de a maioria dos pacientes manterem-se férteis com o testículo remanescente, o Hospital oferece também a criopreservação dos espermatozoides. Ou seja, antes de iniciar o tratamento, espermatozoides do paciente são coletados e congelados a temperatura de 196 ºC negativos. Isso aumenta ainda mais as chances de fertilidade, caso o paciente ainda deseje ter filhos.
Em substituição ao testículo extraído na cirurgia, pode ser implementada uma prótese no local para fins estéticos.