A osteoporose pode ser prevenida, e precisa ser reconhecida!

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A osteoporose é uma doença crônica e silenciosa, com consequências graves para a saúde. Ela é caracterizada pela deterioração progressiva da capacidade de resistência do osso, resultando em fraturas de fragilidade, ou seja, fraturas que decorrem de traumas mínimos ou de queda da própria altura. Estas fraturas, principalmente quando acometem fêmur ou vértebras, trazem muitas consequências ruins para a saúde, como imobilidade, deformidades, limitação funcional e dor crônica. Especialmente em idosos, as limitações impostas por fraturas osteoporóticas podem agravam outras doenças e comprometer muito a qualidade de vida. Sendo assim, temos que nos empenhar em promover a boa saúde do osso ao longo de toda a nossa vida, e também estar atentos ao eventual aparecimento desta doença.

Mas quando devemos começar a nos preocupar com a boa saúde dos nossos ossos? Surpreendentemente cedo! Todos nós acumulamos massa óssea (quantidade de osso) durante a infância e a adolescência, alcançando o pico de massa óssea ao redor dos 25 anos de idade. A partir dos 30 anos, infelizmente, mulheres e homens começam a perder quantidade de osso, inicialmente bem lentamente, e de maneira mais rápida ao redor da menopausa nas mulheres e da sétima década de vida nos dois gêneros. Assim, a quantidade de osso que cada um de nós acumula até os 25 anos pode ser vista como a nossa economia de osso para o resto da vida: quanto melhor acumularmos, maiores as chances de mantermos ossos saudáveis e resistentes a vida toda. E mesmo após o pico, manter práticas de boa saúde óssea podem a ajudar a minimizar as perdas e prevenir a osteoporose.

Os pilares da boa saúde do osso são leite, sol e exercício! O osso é um tecido mineralizado às custas de cálcio e fósforo, e nosso organismo depende da nossa alimentação para suprir as quantidades necessárias de cálcio para esse processo – nós não somos capazes de produzir cálcio, portanto precisamos do cálcio da dieta para nos manter saudáveis. De longe, os alimentos que mais nos oferecem cálcio são o leite e seus derivados, e por isso, todos nós - e especialmente aqueles em maior risco de osteoporose como mulheres após a menopausa ou idosos - devemos ingerir três porções de leite ou derivados por dia, todos os dias. Uma porção corresponde, grosso modo, a um copo de leite (qualquer leite: integral, desnatado, sem lactose), a um pote de iogurte ou a duas fatias grossas de queijo. De fato, o cálcio é tão importante para nossa saúde que, quando nossa ingestão alimentar é inferior a isso, o corpo tira cálcio do osso para suprir outros processos fundamentais, comprometendo a resistência do osso.

Se já é difícil atingirmos a meta nutricional de cálcio quotidianamente (a ingestão do brasileiro é, em média, 40% da recomendada), soma-se a isso a relativa ineficiência do nosso intestino em absorver cálcio. Justamente nesse aspecto a vitamina D pode ser importante aliada, aumentando a capacidade de absorção de cálcio no intestino. Nós somos capazes de produzir vitamina D, mas para que tenhamos quantidade suficiente necessitamos da exposição à luz do sol, já que o estímulo da luz solar é necessário para a formação de vitamina D na nossa pele. Assim, para termos ossos saudáveis, todos precisamos nos expor ao sol por pelo menos 15 minutos, todos os dias.

O terceiro pilar da boa saúde óssea é o exercício. O osso está em constante renovação, com a reabsorção de osso velho e formação de osso novo. Um dos maiores estímulos para a formação de osso novo é justamente a atividade física, principalmente aquela que promova o desenvolvimento muscular, já que a solicitação do músculo em cima do osso é o fenômeno principal neste estímulo. Assim, fica recomendada a atividade física resistida como um potente aliado na manutenção da saúde do osso. Além destes três pilares (leite, sol e exercício), outras práticas de boa saúde geral são também importantes para o osso, como evitar o tabagismo e a ingestão excessiva de álcool. Nas pessoas mais frágeis e já com osteoporose, a prevenção de quedas se torna extremamente importante, já que a grande maioria das fraturas de fragilidade decorre de queda – não cair, portanto, significa não quebrar!

Por fim, é importante lembrarmos que a osteoporose é uma doença silenciosa, assintomática, e que se manifesta apenas através do desfecho final que tanto queremos evitar, a fratura. É importante, então, estarmos alertas a reconhecer a osteoporose. Já são conhecidos muitos fatores de risco que aumentam a chance de uma pessoa ter osteoporose ou fraturas, e estes precisam ser rotineiramente avaliados durante acompanhamento médico. Destacam-se como fatores de risco o baixo peso, a história familiar (pai ou mãe com fratura de fêmur traz o maior risco) e o uso crônico de glicocorticoides. Buscando a identificação precoce da osteoporose, além da avaliação médica atenta, a densitometria óssea é um exame muito informativo e importante. Todas as mulheres com mais de 65 anos e todos os homens com mais de 70 anos devem ser avaliados através da densitometria óssea, que pode ser necessária mais cedo, a partir dos 50 anos, na presença de fatores de risco.

Nunca é fácil combater um inimigo sorrateiro como a osteoporose. Mas mantendo estas boas práticas da saúde óssea (leite, sol e exercício) e estando atentos com acompanhamento médico adequado, conseguimos prevenir, reconhecer e tratar a osteoporose, evitando as graves consequências das fraturas osteoporóticas.

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