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Gota: Saiba Mais
A gota decorre do aumento no sangue do ácido úrico e que leva à formação de cristais nas articulações, estruturas periarticulares, rins e tecido subcutâneo. Este aumento pode decorrer da sua maior produção e/ou por sua eliminação diminuída pelo rim. A doença se caracteriza por crises agudas de inflamação articular (artrite), geralmente em uma ou poucas articulações, muitas vezes associada à cálculos renais. Se não for tratada de forma adequada pelo reumatologista, gera acúmulo de cristais (tofos) nos tecidos periarticulares e subcutâneo. O número de pacientes com gota tem aumentado na população adulta em geral, possivelmente relacionada à alteração dos hábitos alimentares e ao aumento da longevidade. A doença afeta sobretudo homens dos 30 aos 60 anos sendo menos comum nas mulheres que usualmente têm gota após a menopausa. Há forte influência hereditária na transmissão da gota, sendo frequente a presença de antecedentes familiares.
A crise aguda de gota se manifesta como uma monoartrite na grande maioria dos casos, predominantemente no dedão do pé e membros inferiores. Tem início repentino e rápido, com dor intensa, inchaço, aumento de temperatura e vermelhidão. A resposta ao tratamento é rápida, e mesmo quando não tratadas as crises se resolvem espontaneamente em poucos dias. Surtos afetando várias articulações são menos comuns. Ingestão de bebida alcoólica, uso de alguns medicamentos, trauma, infecção, cirurgia, estresse emocional e ingestão excessiva de carne e leguminosas com feijão, ervilha e lentilha são desencadeantes frequentes da crise aguda de gota. Entre os ataques agudos, no início da doença, os pacientes ficam assintomáticos e geralmente sem sequela articular, caracterizando o período intercrítico da doença. Se não for tratada, as crises ficam mais repetidas, intensas e prolongadas e o indivíduo entra na fase crônica da gota, com dor mesmo no período entre as crises. Nessa etapa aparecem os tofos (depósitos de urato) sobretudo em cotovelos, calcanhares, mãos, pés, joelhos, tornozelos, antebraços e orelha. As deformidades e destruição articular com erosão óssea característica são graves e irreversíveis. Envolvimento dos rins e vias urinárias é comum levando à formação de cálculos renais ou à nefropatia úrica. Ainda, associação com hipertensão arterial, diabetes, aumento de colesterol e triglicérides, insuficiência coronariana e outras doenças vasculares são frequentes.
O diagnóstico da doença é baseado no quadro clínico das manifestações típicas aliadas ao aumento de ácido úrico no sangue, embora alguns pacientes possam ter valor normal na crise aguda. Nestes casos, a punção do liquido sinovial para afastar infecções e comprovar a presença de cristais de ácido úrico se faz necessária.
Durante as crises, frequentemente, o ácido úrico se encontra dentro dos níveis normais ou até mesmo em níveis baixos no sangue. Em contrapartida, pessoas que não têm gota podem apresentar níveis elevados de ácido úrico no sangue. Em geral, a gota ocorre com maior frequência em homens, em mulheres na pós-menopausa e em pessoas com doenças renais. Fatores genéticos podem aumentar a propensão à doença. Existe ainda uma forte associação entre gota e hipertensão, diabetes, elevação do colesterol e obesidade.
O tratamento adequado da gota é visa inibir a produção ou aumentar a excreção do urato, no intuito de bloquear a progressão da doença evitando a formação de tofos, deformidades e destruição óssea que culminam com incapacitação funcional. É fundamental prevenir as crises, evitar a formação de cálculos renais, reduzir o tamanho dos tofos e evitar a destruição articular. Para isso procurar o reumatologista, médico especialista capacitado a cuidar do paciente com gota é fundamental. É preciso tratar a crise aguda e reduzir os valores de ácido úrico no sangue com medicamentos que inibem sua produção ou aumentem sua excreção. Na crise aguda, indicamos anti-inflamatórios, colchicina ou até mesmo corticoide se for necessário. Bebidas alcoólicas devem ser abolidas e ingestão de alimentos com alto teor proteico deve ser reduzida por poderem desencadear uma crise aguda da doença.
Pseudogota ou Artropatia por deposição de cristais de pirofosfato de cálcio diidratado
A doença articular causada por depósito de pirofosfato de cálcio pode ser confundida com a gota por apresentar crises inflamatórias agudas recorrentes, sendo, portanto, denominada de pseudogota. A diferenciação é feita pela presença de cristais de pirofosfato de cálcio no liquido sinovial e de calcificação linear na cartilagem articular denominada condrocalcinose no raio X. Predomina após os 60 anos de idade e em mulheres, afetando sobretudo joelhos, punhos, tornozelos, cotovelos, quadris e ombros. Na forma pseudosteoartrítica, o envolvimento geralmente é de várias articulações, com início insidioso e evolução lenta por meses ou anos, sendo que metade dos pacientes pode ter ataques agudos.
O diagnóstico é confirmado pelo achado de cristais de pirofosfato de cálcio no liquido sinovial das articulações afetadas. O tratamento preventivo das crises dolorosas de pseudogota pode ser feito com colchicina e a dor deve ser tratadas com anti-inflamatórios ou corticoide.
Outras artropatias por outros cristais
Cristais de apatita ou hidroxiapatita podem se depositar em articulações, cápsula articular, tendões, ligamentos, bursas, sinóvia, cartilagem e disco intervertebral sendo que as tendinites e bursites cálcicas são as principais manifestações clínicas. O ombro é o local mais acometido e em geral a dor surge ou piora após trauma ou uso excessivo e ocorre por rotura dos depósitos, levando a importante limitação funcional. Pode afetar também quadris, joelhos, punhos e tornozelos e menos comumente as mãos e pés. Por causa de seu tamanho, os cristais não podem ser identificados pela microscopia ótica, porém, podem formar grumos que sugerem sua presença. As crises agudas são tratadas com imobilização, anti-inflamatórios e colchicina pelo médico reumatologista.
Dra. Cláudia Goldenstein Schainberg - CRM 52963
Membro do NARe, GRAPPA (Grupo de Pesquisa e Avaliação da Psoríase e Artrite Psoriásica), ACR (Colégio Americano de Reumatologia), AAP (Academia Americana de Pediatria), SBR, SBP, SPR, SPP (Sociedades Paulista e Brasileira de Pediatria, Sociedades Paulista e Brasileira de Reumatologia)
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