Fibromialgia e Síndrome da Fadiga Crônica

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A Fibromialgia afeta cerca de 2,5% dos brasileiros, principalmente mulheres, na proporção de 8 a 9 mulheres para cada homem. Pode ocorrer em qualquer idade, sobretudo por volta dos 40 anos, embora alguns sintomas possam surgir na infância ou adolescência, após algum fator desencadeante que leva à sensibilização central, gerando uma disfunção do sistema nervoso central e periférico na percepção da dor, de modo que o cérebro fica muito sensibilizado para qualquer estímulo periférico como um simples aperto de mão, por exemplo.

A dor é um mecanismo de defesa natural, mas pessoas com Fibromialgia têm uma amplificação desse sistema e exacerbação na percepção da dor, que pode ser incapacitante e nem sempre compreendida. É importante esclarecer o paciente e sua família que embora não haja lesões visíveis nem afete órgãos, a doença pode ser incapacitante prejudicando a capacidade da pessoa funcionar plenamente. História clínica e exame físico detalhados são fundamentais para avaliar os sintomas e outras manifestações associadas; detectar a presença de pontos dolorosos difusos ou na musculatura; e documentar a reação de dor da pessoa, frente ao toque destes pontos dolorosos.

A dor crônica por mais de três meses é generalizada no corpo, com sensibilidade ao estímulo tátil, e presente na maior parte do tempo. Alterações do sono, sensação de cansaço, dor de cabeça, manifestações intestinais com períodos de constipação alternando com diarreia, sintomas cognitivos e distúrbios do humor como depressão, ansiedade e síndrome do pânico são frequentes.

Na Síndrome da Fadiga Crônica, o principal sintoma é a fadiga (cansaço) intensa persistente que não melhora ao repouso, podendo piorar com atividade física ou mental. Dificuldade na memória ou concentração, dor de cabeça, sono não reparador, dor de garganta, gânglios dolorosos em pescoço ou axilas, dores musculares e articulares são comuns, além de tontura, náuseas, boca e olhos secos, perda ou ganho de peso, irritabilidade, depressão, transtornos de ansiedade, formigamento, dor abdominal, dor no peito, tosse crônica e diarreia. Pode ser desencadeada por fatores estressantes psicológicos ou orgânicos, infecções como mononucleose, toxoplasmose, citomegalovírus hepatite, gripe H1N1 e também na infecção pelo novo coronavírus.

É importante procurar o médico na presença de fadiga e dor persistentes após a Covid-19. A Síndrome da Fadiga Crônica pode ser confundida com a Fibromialgia, mas os sintomas associados à infecção viral ajudam na diferenciação. Ademais, a fadiga crônica persiste por cerca de 8 a 12 meses enquanto a fibromialgia tem duração mais prolongada por vários anos.

Por serem complexas, o tratamento das duas condições envolve medidas educativas do paciente e da família além da analgesia. Alguns medicamentos de ação central como antidepressivos e ansiolíticos atuam nas substâncias envolvidas no sistema da dor, podendo ser úteis.

Derivados de canabidioides estão sendo estudados, porém ainda sem eficácia comprovada. Terapia cognitiva comportamental é interessante, já que emoções influenciam diretamente na percepção da dor. A prática regular de atividade física e exercícios preferencialmente aeróbicos é fundamental, podendo ser mais benéfica do que os medicamentos. Caminhada, corrida, hidroginástica, natação, ioga, tai chi chuan, alongamento e reforço muscular são indicados. Embora possa ser difícil no início, diante da dor intensa, é importante ser persistente e escolher uma atividade que agrade o paciente, e possibilite incrementos progressivos, para que o corpo vá se adaptando aos poucos.

Cabe destacar que embora sejam comuns, a fibromialgia e a síndrome da fadiga crônica demoram para serem diagnosticadas já que não há exames específicos para sua detecção. Em geral, pessoas com estas condições passam por vários especialistas até chegarem ao médico reumatologista, amplamente apto a definir e tratar estas doenças.

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