Divertículos do cólon quase sempre são inofensivos, mas diverticulite aguda exige tratamento imediato

Ao realizarmos exames de imagem no aparelho digestivo, como ultrassom, tomografia computadorizada e ressonância magnética, é comum nos depararmos com a presença de divertículos do cólon. Os divertículos são pequenas bolsas que se formam com o passar dos anos na parede do cólon. A partir dos 70 anos de idade, sete entre cada dez pessoas terão divertículos - condição conhecida por moléstia diverticular do cólon. O que fazer diante da presença de divertículos?

"Nada", responde o dr. Paulo Alberto Falco Pires Correa, cirurgião do aparelho digestivo no Hospital Sírio-Libanês. Segundo explica o médico, na maioria das vezes os divertículos são inofensivos, a não ser que se inflamem e causem a diverticulite aguda ou apresentem sangramento intestinal (enterorragia).

Fibra alimentar

Os alimentos ricos em fibras criam um volume fecal maior, diminuindo a pressão sobre o intestino e retardando o surgimento de divertículos. Recomenda-se então o consumo de 20 gramas de fibras por dia.

  • Aveia (100 g) = 33,5 g de fibras
  • Farelo de trigo (2 colheres de sopa) = 11,8 g de fibras
  • Feijão (1 concha) = 7,22 g de fibras
  • Brócolis (1 xícara) = 5,1 g de fibras
  • Pão integral (2 fatias) = 3,6 g de fibras
  • Goiaba (unidade média) = 5,04 g de fibras
  • Maçã (unidade média) = 5 g de fibra

Os divertículos, além de serem formados com o enfraquecimento natural dos tecidos do intestino por conta da idade, estão relacionados também a predisposições genéticas e a dietas pobres em fibras.

A diverticulite, por sua vez, ocorre quando há inflamação ou infecção de um ou mais divertículos.

Não existem comprovações científicas de que sementes ou outros alimentos possam ir parar nos divertículos, causando sua inflamação. "Isso é um grande mito", ressalta o dr. Correa.

Os divertículos não apresentam sintomas clínicos, mas as diverticulites costumam causar:

  • Dor abdominal.
  • Constipação intestinal (prisão de ventre) ou diarreia.
  • Sangue nas fezes.
  • Náusea.
  • Vômito.
  • Febre.

Diante de qualquer um desses sintomas e suspeita de diverticulite, um serviço de Pronto Atendimento deve ser procurado com urgência.

Diagnóstico e tratamento da diverticulite

A partir dos sintomas relatados pelo paciente, o médico costuma solicitar um exame de tomografia computadorizada do abdômen para detectar a presença e a inflamação de divertículos. Essa avaliação é feita externamente através de imagens obtidas e processadas pelo aparelho de tomografia computadorizada.

Alguns exames de sangue como hemograma e proteína C reativa (PCR) também ajudam nesse diagnóstico.

O exame de colonoscopia, que permite visualizar o intestino internamente através de um tubo flexível (colonoscópio) introduzido pelo ânus, não deve ser indicado em casos de suspeita de diverticulite, pois pode acabar perfurando os divertículos e agravando o quadro.

Na diverticulite aguda, o tratamento é feito com antibióticos e analgésicos, prescritos pelo médico, e com uma dieta que visa o "descanso" do intestino. Ou seja, muito líquido e pouca fibra. Essa combinação se mostra eficaz para curar a infecção em aproximadamente dez dias na maioria dos casos.

Segundo avalia o dr. Correa, uma das principais mudanças dos últimos anos envolvendo o tratamento cirúrgico de urgência da diverticulite aguda está na diminuição da necessidade de colostomia. Esse procedimento, utilizado hoje apenas em casos mais graves da doença, consiste em uma abertura cirúrgica na parede abdominal, ligando nela uma terminação do intestino, pela qual as fezes e gases passam a ser eliminados em uma bolsa. "Essa estratégia nos ajudava a evitar infecções sistêmicas graves durante o tratamento da diverticulite", comenta. "Mas hoje, como o diagnóstico e o tratamento dessa doença são cada vez mais precoces, não existe mais tanto essa necessidade", compara.

Uma das situações mais graves da doença diverticular do cólon ocorre quando há perfuração dos divertículos inflamados. Em alguns casos, eles passam a acumular pus, aumentando assim o risco de inchar e se romper. Com isso, o pus pode levar bactérias e fungos para o abdômen, causando uma peritonite. Essa situação exige a realização de cirurgia para evitar danos ainda maiores, como uma infecção generalizada. A cirurgia para a diverticulite aguda complicada pode ser feita por via aberta convencional (incisão maior) ou laparoscópica (três ou quatro orifícios na região do abdômen). Ela retira os tecidos doentes e faz uma ligação entre duas extremidades do cólon, restabelecendo o funcionamento normal do intestino.

O serviço de Pronto Atendimento do Hospital Sírio-Libanês está preparado para diagnosticar e tratar os diferentes casos de diverticulite. Diante da necessidade de cirurgia, o Centro Cirúrgico do hospital, localizado na unidade Bela Vista, dispõe de salas equipadas com foco de tecnologia LED, materiais de laparoscopia de alta definição, mesas cirúrgicas de última geração e sistemas integrados de vídeo.