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Apenas pessoas intolerantes ao glúten ou à lactose devem excluir esses alimentos de suas dietas
Carlos Basualdo
13/03/2015 · 1 min de leitura
Você deve conhecer alguém que não come alimentos com glúten ou lactose. Embora essas restrições alimentares pareçam ter-se tornado mais comuns nos últimos anos, elas sempre existiram. O consumo de glúten e lactose pode trazer consequências graves às pessoas que são intolerantes a eles. No entanto, eliminar esses componentes da dieta apenas para emagrecer também pode colocar a saúde em risco.
O glúten está presente em alimentos derivados de farinha de trigo, como bolos e pães, alguns doces, aveia, massas, biscoitos e cerveja; e a lactose é o açúcar presente no leite e em seus derivados, como manteiga, queijo, creme de leite e iogurte.
Cuidado com os alimentos “anunciados” sem glúten
O Brasil possui uma lei federal, a nº 10.674 de 2003, que obriga os fabricantes a informarem nas embalagens de todos os alimentos industrializados se eles contêm ou não glúten.
No entanto, essa regra não vale para restaurantes e lanchonetes. Em alguns estabelecimentos, placas e cardápios informam a existência de pratos sem glúten. Porém, durante o preparo da refeição, pequenos traços de glúten presentes em outros alimentos podem acabar por se misturar ao prato originalmente sem glúten, fazendo assim com que o alimente se torne impróprio para celíacos.
Ao comer fora, as pessoas com doença celíaca devem priorizar locais especializados ou verificar os riscos pelos quais sua refeição possa ter passado ao entrar em contato com outros alimentos com glúten.
Quando excluídos da dieta, esses componentes podem levar à perda de peso por restringir significativamente as possibilidades alimentares, explica Carlos Basualdo, nutricionista no Sírio-Libanês. Porém, adaptando-se à exclusão, o indivíduo acaba estabilizando seu peso, tendo deixado de fora de sua dieta importantes nutrientes, podendo gerar deficiências nutricionais a longo prazo.
“As únicas pessoas que devem parar de comer grupos alimentares grandes são aquelas comprovadamente intolerantes, e isso deve ser feito sob a supervisão de um profissional”, afirma Basualdo.
Efeitos e tratamentos
A doença celíaca, como também é conhecida a intolerância permanente ao glúten, geralmente se manifesta na infância, entre o primeiro e o terceiro ano de idade, mas pode ocorrer em qualquer fase da vida. Na presença do glúten, o organismo deflagra uma resposta autoimune que agride a parede do intestino delgado. A inflamação do intestino compromete a absorção de inúmeros nutrientes.
Dependendo da quantidade de glúten consumida e do grau de intolerância de cada pessoa, essa doença pode provocar diarreia, vômito, inchaço nas pernas, alterações na pele, fraqueza das unhas, queda de pelos, diminuição da fertilidade e alterações do ciclo menstrual. “Se não tratada, a doença celíaca pode levar a casos graves de desnutrição e até a morte”, ressalta Basualdo.
O diagnóstico da doença celíaca é realizado por meio da dosagem no sangue do anticorpo antitransglutaminase tecidual, e o tratamento consiste na completa eliminação dos alimentos que contenham glúten da dieta.
Já as pessoas que têm intolerância à lactose, ao consumir algo com essa substância, sofrem um processo de fermentação por bactérias que gera desconforto digestivo. Os sintomas também variam conforme a quantidade ingerida e o grau de intolerância de cada indivíduo, podendo provocar vômito, manchas e coceira na pele, edema de glote, gases, dor abdominal, náuseas e diarreia.
A intolerância à lactose é diferente da alergia ao leite. Embora esses dois problemas sejam frequentemente confundidos, a alergia é uma reação imunológica adversa às proteínas do leite, que se manifesta após a ingestão de qualquer quantidade de leite. Já a intolerância reflete uma deficiência da enzima lactase em quebrar as moléculas de lactose no interior do intestino. Por isso, o quadro clínico está relacionado à quantidade de leite ingerido.
A mais comum é a alergia ao leite de vaca, que pode provocar alterações no intestino, na pele e no sistema respiratório. Alguns derivados do leite, no entanto, passam por um processo de industrialização que retira a proteína do leite, tornando-se assim consumíveis por alérgicos.
Exames de sangue específicos ou um tipo de teste respiratório são usados para saber se a pessoa é intolerante à lactose ou alérgica à proteína do leite. Os tratamentos são baseados na dieta de exclusão do leite de vaca e de seus derivados, conforme o grau de intolerância ou alergia. Porém é muito importante que os portadores dessa doença comam outros alimentos ricos em cálcio para suprir a necessidade desse mineral, como feijão, ovo, couve, espinafre, sardinha e queijo de soja.
Pessoas com doença de Crohn, um tipo de inflamação intestinal crônica, ficam menos tolerantes a digerir produtos com lactose. No entanto, isso não é regra e qualquer exclusão ou medida dietética deve ser feita acompanhada de um profissional de saúde.