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Diverticulite: o mal do intestino

11/09/2018 às 03:00SaúdeNotíciasBem-estarHospital

Quando assintomática é chamada de diverticulose. Ao primeiro sinal de problema, passa a ser conhecida por doença diverticular. Já a diverticulite é a inflamação dos divertículos, e deve ser tratada o quanto antes

A diverticulite afeta principalmente pessoas que adicionam muito carboidrato refinado em uma dieta que, em geral, é pobre em fibras, for isso é considerada uma doença da civilização ocidental. Nos países da África e da Ásia, regiões com dietas ricas em fibra e com baixo consumo de carboidratos refinados, a incidência é pequena. Uma pesquisa sobre a presença da diverticulite na população japonesa parece comprovar esse fato O estudo mostrou que apenas 18% dos japoneses que vivem no Japão apresentam a condição. Esse número sobe para 50% entre os japoneses que se mudaram para o Havaí e adotaram hábitos alimentares ocidentalizados.

O distúrbio também costuma aparecer a partir da meia-idade, atingindo os idosos com maior frequência. E como a população global está envelhecendo cada vez mais, os especialistas acreditam que a doença diverticular do cólon, como também é conhecida, e suas complicações representem uma grande porcentagem dos pacientes que procuram um gastroenterologista ou um cirurgião gástrico, no consultório ou nos atendimentos de emergência. "Cerca de um terço das pessoas acima dos 45 anos e mais de 50% dos indivíduos com mais de 80 apresentam o distúrbio. Enquanto os indivíduos mais jovens, com idade inferior a 40 anos, somam menos de 10% no total de pacientes com o problema", diz Marcos Belotto, cirurgião gástrico do Hospital Sírio-Libanês (SP).

Mas ao primeiro sinal de problema, a condição muda de nome e passa a se chamar doença diverticular, que apresenta sintomas como: dor abdominal (habitualmente localizada no quadrante inferior esquerdo), diarreia, cólicas, alteração dos hábitos intestinais e, ocasionalmente, hemorragia retal severa. Já a diverticulite é uma complicação da doença diverticular dos cólons, representada pela inflamação e/ou infecção dos divertículos, e deve ser tratada o quanto antes.

Estágios diferentes

Na maioria das vezes, a doença é assintomática e chamada de diverticulose, quando o diagnóstico mostra a presença de divertículos, que são como pequenos sacos que aparecem no intestino grosso, órgão responsável pela absorção de água, bem como pelo armazenamento c pela eliminação dos resíduos da digestão que formam o bolo fecal (fezes). Esse diagnóstico é feito por ocasião de um exame (colonoscopia ou tomografia) de rotina.

A maioria dos pacientes permanece sem sintomas por toda a vida. Vez ou outra, a pessoa tem cólica do lado esquerdo do abdome, gases, inchaço e prisão de ventre.

Atitudes que afastam o risco

Sabe-se que alguns fatores podem contribuir para o desenvolvimento da diverticulite, como pouca ingestão de fibras, dieta com muitos alimentos processados, pouco exercício físico, obesidade, hidratação deficiente, fumo e. segundo alguns especialistas, o uso constante de medicamentos como esteroides, opioides e anti-inflamatórios, como ibuprofeno e naproxeno. Veja as recomendações de prevenção da gastroenterologista Elaine Moreira.

  1. Tenha uma dieta rica em alimentos com fibras, que ajudam a formar o bolo fecal, como frutas, em especial as que têm bagaço, como a mexerica, ou as que podem ser consumidas com a casca, como as uvas
  2. Legumes, como brócolis, e verduras, como rúcula, alface e espinafre, também são classificados como alimentos ricos em fibras e, por isso, devem fazer parte da dieta de todo mundo. Coma todos os dias!
  3. Mantenha o peso adequado.
  4. Beba, em média, dois litros de água por dia, o que, entre outros benefícios, evita o intestino preso.
  5. Invista nos exercícios físicos. Vale até mesmo caminhar por pelo menos 15 minutos desde que seja todo dia.

Como a doença aparece

Os especialistas não sabem dizer a etiologia exata, ou seja, o mecanismo de formação dos divertículos. Muitos acreditam que a presença de pequenas hérnias na mucosa do intestino grosso (cólon), em especial em uma região conhecida como colón sigmoide (situada entre o cólon descendente e o reto), faz parte do processo natural do envelhecimento, já que, com o passar tios anos, a musculatura lisa da região vai perdendo a elasticidade, o que colabora para a formação de divertículos.

Outros pesquisadores, porém, entendem que existe mais um fator que pode desencadear o problema. Funciona assim: o intestino grosso é formado por várias camadas, sendo que a externa, conhecida como serosa, é tão fina que chega a ser translúcida; logo abaixo vem a camada muscular, formada por músculos lisos, cuja função é comprimir e empurrar o Isolo fecal até que seja expulso pelo ânus; por fim, vem a camada interna, que reveste a musculatura lisa, constituída por uma mucosa cheia de glândulas que produzem muco, enzimas e anticorpos, importantes na proteção do órgão contra substâncias estranhas e agentes agressores, como bactérias que produzem infecções no trato intestinal, por exemplo. Essa mucosa é irrigada por minúsculos vasos que saem da camada serosa atravessam a musculatura intestinal, até chegar à parte interna do intestino. Dessa maneira, podem aparecer alguns pontos de fragilidade nos músculos, c é aí que começa o problema, principalmente diante de certas condições, como uma dieta pobre em fibras, por exemplo.

"Quando as fezes apresentam-se endurecidas, o intestino necessita fazer mais força para empurrá-las, e isso acaba por aumentar a pressão dentro do cólon. Essa pressão aumentada força determinados pontos de baixa resistência na parede do cólon, projetando externamente pequenas saculações ou divertículos", explica detalhadamente Elaine Moreira, gastroenterologista do Instituto EndoVitta (SP). O risco de complicações aumenta quando pequenas quantidades de bolo fecal (fecalitos) e bactérias penetram nos divertículos, cansando inflamação.

Sinais para ficar alerta

A maioria dos pacientes permanece sem sintomas durante toda a vida. Vez ou outra, a pessoa pode apresentar uma leve cólica abdominal do lado esquerdo, gases, inchaço na região da barriga, prisão de ventre. Nesse caso, em que o diagnóstico 6 de doença diverticular, o médico já precisa ser consultado, ainda que esse não seja considerado um quadro de grande urgência.

Porém, quando há inflamação ou infecção das pequenas bolsas, o que caracteriza a diverticulite aguda, o estado clínico pode se agravar. É exatamente por isso que, já nos primeiros sintomas, o especialista deve ser procurado. "Dependendo da extensão do processo inflamatório, pode ocorrer uma dor súbita e forte na parte inferior esquerda do abdome. Em geral, o desconforto vem acompanhado de febre baixa, alterações no intestino (diarreia ou constipação) e falta de apetite, um hemograma costuma registrar aumento de leucócito (leucocitose)", diz Virgínia Maria Figueiredo, gastroenterologista, professora do Curso de pós-graduação em Gastrenterologia da Faculdade de Ciências Médicas TPEMED.

Por sorte, o mais comum é o paciente apresentar uma diverticulite aguda não complicada, como comumente chamam os especialistas, que melhora apenas com tratamento clínico, feito com uso de analgésicos, antiespasmódicos e dieta reforçada com fibras. Em geral, os sintomas diminuem consideravelmente em dois ou três dias.

Casos para cirurgia

Outro sinal de alerta é a presença de sintomas de problemas no peritônio, que é a membrana que recobre as paredes do abdome e os órgãos digestivos. "Esses são detectados pelo médico ao fazer o exame clínica Se a dor abdominal aumenta quando há descompressão brusca do abdome, é um indício de que há necessidade de internação em hospital, uso de antibióticos venosos, jejum e observação. Caso não haja melhora após 72 horas com o tratamento clinico, é indicada então a cirurgia", explica a gastroenterologista Virgínia.

Os pacientes que apresentam diverticulite aguda não complicada podem ter uma ou mais crises. Se ocorrer outro episódio, a tendência é manter o mesmo esquema de tratamento, a não ser que o quadro clínico se mostre mais resistente aos medicamentos e comece a interferir na qualidade de rida desse paciente. Nesse caso, o especialista pode indicar uma cirurgia paro ressecção (retirada) da parte inflamada do intestino, que em geral é o já conhecido sigmoide.

Exames para o diagnóstico preciso

A diverticulite pode ser confirmada por meio de ultrassonografia de abdome e tomografia computadorizada. Exames de sangue (hemograma) e de urina também são úteis para ajudar rio diagnóstico diferencial. A colonoscopia ajuda a saber realmente onde está o problema, esse exame percorre todo o intestino grosso e tem a vantagem de avaliar a mucosa com melhor precisão, afastando outras alterações como pólipos e tumores. Já o enema opaco consiste na introdução de contraste e ar pelo reto. Depois, são tiradas várias radiografias para saber como estão distribuídos os divertículos no cólon. Esses dois exames só devem ser feitos 45 dias após o término da crise, para evitar o risco de disseminara infecção.

  • Cerca de 80% dos pacientes com divertículos no cólon não têm nenhum sintoma, condição chamada de diverticulose
  • 10 a 25% dos pacientes que apresentam diverticulose podem desenvolver uma diverticulite, que é a inflamação
  • 1 a cada 5 pacientes que apresentam diverticulite aguda não complicada podem ter uma ou mais crises ao longo da vida

Fonte: Viva Saúde

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