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Como trabalhamos contra infecções hospitalares e o desafio da pandemia
Dra Maura Salaroli De Oliveira
13/05/2022 · 1 min de leitura
Infecções hospitalares são aquelas que acontecem depois de 48 horas da admissão do paciente ou após realização de qualquer procedimento invasivo, e podem se manifestar durante a internação ou após a alta. As mais comuns são: pneumonia, em especial associada a ventilação mecânica; infecção de corrente sanguínea, principalmente associada ao cateter central; infecções do trato urinário associada ao cateter urinário; e as de sítio cirúrgico.
Mais recentemente, o termo “infecção hospitalar” foi substituído pelo termo “infecções relacionadas a assistência à saúde” (IRAS), para englobar infecções que ocorrem em ambientes de assistência que não hospitais, como clínicas de diálise ou centros de oncologia, mas são utilizados como sinônimos. Elas acarretam aumento do tempo de internação, podendo contribuir ou até causar morte. São dos eventos adversos mais frequentes nos hospitais, caracterizando-se como problema de saúde pública.
Para promover o controle e prevenção das infecções, todos os hospitais contam com uma Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH). No Hospital Sírio-Libanês, a CCIH é composta por membros consultores e executores de acordo com a legislação vigente desde a década de 1980. Nosso time atual na unidade Bela Vista é composto por uma secretária, quatro enfermeiras especialistas, duas médicas infectologistas e uma médica infectologista com função de gerente. E a Comissão consultiva, composta por gerentes de diversas áreas, com reuniões periódicas. Em Brasília, esse trabalho é feito por uma enfermeira e uma infectologista.
Apesar do enorme e merecido destaque das ações promovidas pela CCIH para melhorar adesão a higiene das mãos, seria muito simplista reduzir seu papel a essa ação. Para cada uma das topografias de infecção, há medidas de prevenção já conhecidas, e nosso principal objetivo é elaborar, implementar, supervisionar e avaliar medidas para controle e redução do risco de infecções entre pacientes, colaboradores, corpo clínico, visitantes e acompanhantes. O Programa de Controle de Infecção do Sírio-Libanês é amplo, baseado no conhecimento científico atualizado, e prevê interação com todos os setores do Hospital, como por exemplo, serviço de nutrição, central de material esterilizado, centro cirúrgico, unidades de terapia intensiva, e estamos sempre buscando novas tecnologias e inovação.
Estivemos na linha de frente do enfrentamento da pandemia desde o princípio, responsáveis por promover a segurança de todos dentro do hospital, padronizando equipamentos de proteção individual, estabelecendo fluxos, dentre outras medidas. No início, além de nossa expertise técnica, subitamente tivemos que nos desdobrar para amparar os sentimentos de pavor e medo, que predominavam em todos, desenvolvendo outras habilidades além do conhecimento acadêmico.
Aprendemos a nos comunicar de outras formas, como lives, redes sociais, a disseminar informação auxiliando o a combate à epidemia de notícias falsas. Nossas lives alcançaram recorde de audiência, chegando a ter 900 colaboradores online. Junto ao Comitê de Crise, elaboramos ou revisitamos mais de 20 protocolos assistenciais. O cuidado visto em números é interessante: durante os anos de 2020 e 2021, admitimos aproximadamente 6 mil pacientes para internação, dos quais 1,5 mil em unidades de terapia intensiva; foram dispensadas quase 11 milhões de máscaras cirúrgicas, mais de 67 milhões de luvas de procedimento, 589 mil máscaras N95 e mais de 6,7 milhões de aventais de isolamento.
Esses números revelam como nosso cotidiano foi de trabalho exaustivo, todos os dias da semana por meses, mas hoje nos orgulhamos dos resultados conquistados: uma das menores taxas de mortalidade de COVID do mundo todo (5% em internação geral e 15% em unidades de terapia intensiva), pouquíssimos casos de pacientes com COVID hospitalar, e NENHUM óbito de colaborador por COVID-19.
Sempre apoiados pela alta liderança do hospital, seguimos com nosso compromisso de contribuir com a excelência assistencial, buscando sempre as menores taxas de infecção e a proteção de todos!