Incontinência Urinária
Entenda sobre os níveis e classificações da incontinência urinária: sintomas, tratamentos de como preveni-las.
Especialista em Incontinência UrináriaMedicina SexualUrologia
04/08/2025 · 6 min de leitura
Incontinência urinária é definida como qualquer perda de urina. Embora possa ocorrer em todas as faixas etárias, a ocorrência de incontinência urinária aumenta com o decorrer da idade. Calcula-se que 8 a 34% das pessoas acima de 65 anos possuam algum grau de incontinência urinária sendo que, em casas de repouso atinge cerca de 50% dos pacientes. A Incontinência Urinária pode ser classificada segundo a tabela.
Tabela 1: Classificação dos tipos mais frequentes de Incontinência Urinária
A Incontinência por urgência constitui causa importante de perdas urinárias em tanto em mulheres como em homens. Geralmente decorre de hiperatividade do músculo da bexiga (detrusor) e se manifesta clinicamente por perda urinária precedida de desejo miccional intenso. A Incontinência Urinária de Esforço representa cerca de 30 - 40% das causas de incontinência em mulheres e decorre de uma fraqueza da musculatura pélvica decorrente de gestações com ou sem parto normal (bexiga caída). As perdas ocorrem em momentos em que existe aumento da pressão abdominal (tosse, espirro, etc.). Em homens geralmente se relaciona a cirurgias de remoção da próstata ou radioterapia que levam a uma fraqueza do músculo responsável pela contenção da urina (esfíncter urinário). A Incontinência Mista decorre da associação de incontinência por urgência à incontinência de esforço.
AVALIAÇÃO DO PACIENTE INCONTINENTE
Dentro da avaliação do paciente com Incontinência Urinária deve-se inicialmente ater-se à história médica, exame e doenças concomitantes do paciente (comorbidades). Pode-se realizar testes de esforço visando comprovar a presença de Incontinência de Esforço e seu grau. Existe um exame denominado estudo Urodinâmico realizado por meio da inserção de um pequeno cateter na bexiga do paciente que permite a correta caracterização da queixa do paciente e planejamento do tratamento
TRATAMENTO DA INCONTINÊNCIA URINÁRIA
MEDIDAS GERAIS
O tratamento inicial é focado nas condições externas ao trato urinário. Deve-se identificar a presença de condições que possam causar Incontinência Urinária. Desta forma a perda de peso, controle da ingesta hídrica e melhora da mobilidade se aplicam a todos os pacientes com incontinência urinária. A ingesta hídrica do paciente deve ser adequada às necessidades do mesmo, em geral um adulto necessita urinar cerca de 1500 ml ao dia. A medicação do paciente deve ser checada, em especial o uso de diuréticos para tratamento de hipertensão arterial. O controle da glicemia em diabéticos também atua reduzindo o volume urinário. A normalização do hábito intestinal também leva a uma redução da pressão intra-vesical e diminui a possibilidade de perdas. O tratamento de condições como artrose que resulta em melhora da mobilidade e também um acesso mais fácil à toalete também fazem parte do tratamento da incontinência em idosos.
TRATAMENTO ESPECÍFICO:
Tratamento da Incontinência Urinária de Esforço (IUE):
O tratamento inicial em idosos deve incluir tratamento comportamental e fisioterápico. O tratamento comportamental inclui micções de horário mesmo sem desejo miccional, além da adequação da ingesta hídrica. O tratamento fisioterapêutico visa a recuperação da musculatura do assoalho pélvico proporcionando melhor sustentação à bexiga. Esta melhora pode ser obtida através da realização periódica de exercícios da musculatura pélvica orientados por fisioterapeutas. A realização de exercícios do assoalho pélvico monitorados de forma objetiva através de eletrodos de eletromiografia ou transdutores vaginais de pressão conectados a um computador (biofeedback) permite a demonstração gráfica da contração do assoalho pélvico melhorando o aprendizado bem como a aderência ao tratamento.
O tratamento cirúrgico da Incontinência urinária de Esforço em mulheres consiste em procedimentos minimamente invasivos como a implantação de uma tela de polipropileno que reforça a musculatura pélvica (Slings). Em homens com incontinência urinária pós prostatectomia o tratamento varia desde o uso de slings até a completa substituição do esfíncter urinário por uma prótese denominada esfíncter artificial.
Tratamento da Incontinência Urinária de Urgência – Bexiga Hiperativa:
O tratamento da hiperatividade detrusora pode ser feito com medicamentos como os antimuscarínicos e, mais recentemente, os beta agonistas. A fisioterapia também pode ser empregada sob a forma de biofeedback ou estimulação elétrica não invasiva. Em casos refratários por meio da injeção de toxina botulínica (Botox) na bexiga. Existe também a possibilidade de implantação de um marcapasso vesical (Neuromodulação) que permite controlar a hiperatividade vesical por meio de estímulos elétricos.
Independentemente de sua causa, a incontinência urinária sempre tem tratamento. Embora a incontinência urinária não reduza a sobrevida do paciente, em muitos casos ela pode ser sinal de uma doença subjacente mais grave. Sua presença também limita muito as atividades sociais, esportivas, de trabalho e sexuais dos pacientes comprometendo de forma significativa sua qualidade de vida e por esta razão é denominada por muitos como “o câncer social”. Seu correto diagnóstico e abordagem terapêutica resultam em melhoria significativa da qualidade de vida além de prevenir complicações como infecções e quedas entre seus portadores.
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