Transtorno do Espectro Autista (TEA) e a importância do diagnóstico de qualidade

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O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é um transtorno do neurodesenvolvimento, caracterizado por déficits persistentes na comunicação e interação social, podendo apresentar padrões repetitivos e restritos de comportamento, interesses e atividades. Há uma grande variabilidade de comportamento no espectro, indo do grau leve ao severo. Pessoas que estão no espectro autista podem precisar de diferentes níveis de suporte, conforme a gravidade dos sintomas e suas implicações na vida diária e no funcionamento social da pessoa.

Como é feito o diagnóstico do TEA?

Para que o diagnóstico do TEA seja assertivo, deve-se considerar:

Equipe multiprofissional - diferentes profissionais devem ser envolvidos, como fonoaudiólogos, psicólogos, psiquiatras, neurologistas e pediatras. Cada um deles contribui com sua experiência, observando e avaliando a pessoa de formas diferentes. Assim, é possível entender de forma mais completa como ela se comporta e se relaciona com o mundo.

Diferentes métodos de avaliação - incluindo entrevistas com familiares e demais componentes do ciclo social, observação clínica e funcional, bem como escalas de rastreio e avaliação padronizadas. Esse conjunto é importante para classificar o diagnóstico.

Tempo de avaliação - é um fator essencial para entender o paciente. O diagnóstico do TEA não deve ser feito em apenas uma consulta.

Em situações em que há falta de acesso a profissionais especializados, é recomendado que a avaliação seja cuidadosamente guiada e que os resultados sejam analisados e discutidos com atenção para evitar erros no diagnóstico...

Importância do diagnóstico precoce do TEA

Ao identificar sinais que podem levantar suspeita de autismo, mesmo em idades iniciais, é essencial buscar o time de saúde para uma investigação inicial, que poderá levar a um diagnóstico precoce. A confirmação precoce do diagnóstico de autismo, quando feita de forma segura, pode fazer toda a diferença na vida da pessoa e de sua família.

Dessa forma, é possível iniciar intervenções que ajudam no desenvolvimento da comunicação, interação social e autonomia. Isso significa que a criança pode aprender a lidar melhor com desafios do dia a dia, desenvolver habilidades importantes e ter mais qualidade de vida.

Sem uma avaliação e diagnóstico adequado, muitas pessoas com TEA acabam sendo mal interpretadas, podendo ser vistas como "tímidas demais", "desobedientes", "desinteressadas" ou até mesmo "preguiçosas". Isso pode gerar frustrações e sofrimento, pois a falta de compreensão pode levar a expectativas irreais e punições desnecessárias.

Um diagnóstico correto ajuda a substituir rótulos negativos por uma compreensão real das necessidades e potencialidades da pessoa. Em vez de esperar que alguém simplesmente "se esforce mais" para se encaixar em padrões que não fazem sentido para ela, é possível criar estratégias para que o ambiente seja mais acolhedor e adaptado às suas dificuldades. Isso vale para a escola, o trabalho e para a convivência familiar.

Cuidado com “armadilhas” no diagnóstico do TEA

Autodiagnóstico e redes sociais - no cenário atual, as redes sociais estão repletas de conteúdos com frases como “faça seu diagnóstico”, “será que eu sou autista?” ou “será que meu filho é autista?”, que muitas vezes geram confusão e ansiedade em vez de informação de qualidade. Embora a divulgação de temas sobre neurodiversidade seja importante, o diagnóstico é um processo sério, que deve ser feito por profissionais qualificados da saúde.

Rótulos baseados em estereótipos - é importante saber que nem todas as pessoas que têm dificuldades para se relacionar socialmente serão, necessariamente, diagnosticadas com autismo. No caso de suspeitas, sempre busque apoio profissional e informações de fontes confiáveis.

Como é feito o acompanhamento da pessoa com TEA?

É importante lembrar que o autismo não é uma doença, portanto não se trata de buscar uma cura, mas sim de oferecer terapêuticas que favoreçam o desenvolvimento, a autonomia e a qualidade de vida da pessoa com TEA. O foco deve estar no respeito às singularidades, na garantia de direitos e na promoção da inclusão em todos os espaços sociais.

As intervenções do TEA podem incluir acompanhamento com fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais, psicólogos, médicos e educadores especializados, dependendo do que for mais adequado para cada caso.

Não há uma receita mágica ou intervenção universal para o TEA, cada plano e processo terapêutico deve considerar as características individuais da pessoa, considerando os aspectos biopsicossociais, cenário familiar e social, além de suas preferências e interesses.