Dicas sobre introdução alimentar para crianças

Saiba como identificar os principais sinais do bebê nessa fase

A alimentação tem um papel fundamental em todas as etapas da vida, especialmente nos primeiros anos por serem decisivos para o crescimento, desenvolvimento, formação de hábitos e manutenção da saúde. Por isso, a introdução alimentar é considerada uma fase de descobertas e aprendizados tanto para o bebê quanto para os pais e cuidadores, sendo um momento muito esperado, envolvendo um mix de emoções, expectativas e dúvidas e também exigindo bastante atenção e paciência por quem acompanha.

Em geral, a criança está pronta para iniciar esse processo em torno dos seis meses de vida. Mas é importante observar os sinais de prontidão da criança e seguir as orientações do profissional de saúde que a está acompanhando.

O que são “sinais de prontidão”?
Os sinais de prontidão são sinais físicos e comportamentais que indicam que o bebê está pronto para iniciar a introdução alimentar. Confira alguns dos principais sinais a seguir:

Cabeça firme e se sentar sem apoio: essas ações auxiliam o bebê a evitar o engasgo e torna o processo de alimentação mais seguro;

Curiosidade nas refeições ao seu redor: se o bebê demonstra interesse nos alimentos presentes no prato de quem está por perto, por exemplo, e ainda busca segurar objetos com a mão e levá-los à boca, pode ser considerado como mais um sinal para experimentar novos sabores;

Perda do reflexo de esticar a língua: essa é uma ação comum para encaixar a boca do bebê na mama da mãe para se alimentar. Conforme ele vai perdendo esse reflexo, podemos afirmar que o bebê está se tornando mais preparado para mastigar e engolir alimentos sólidos, como pequenos pedaços de frutas;

Atenção às reações e ritmo do bebê: é importante estar atento porque cada bebê tem seu processo individual. Respeitar o tempo de cada um é fundamental para proporcionar uma experiência alimentar positiva e saudável. Lembre-se: os pequenos ainda não conseguem comunicar detalhadamente as suas vontades e necessidades por meio de palavras. Então, eles utilizam outras formas de expressão, como sons com a boca, choro, risada, movimento das mãos, cabeça e o corpo. A partir do momento que começa a receber outros alimentos, a atenção e o respeito aos sinais de fome e saciedade são fundamentais para o processo de aprendizagem da criança em relação à alimentação. Os sinais de fome e de saciedade variam de acordo com a idade. Ao perceber esses sinais, a pessoa que cuida da criança deve responder de forma ativa, carinhosa e respeitosa, oferecendo o alimento à criança quando ela demonstra sentir fome e parando de dar quando ela demonstra que está satisfeita;

Incentivar a autonomia: as crianças devem ser alimentadas de forma que favoreça a sua autonomia, respeitando suas preferências, desenvolvimento, necessidades fisiológicas e apetite. Inclusive, o estímulo à autonomia da criança contribui para o desenvolvimento de uma relação saudável com a alimentação;

Local da refeição: a atenção ao momento da refeição também faz parte desse processo, sendo desaconselhável que a criança coma enquanto anda e brinca pela casa, assista televisão, mexa no celular, computador ou tablet e afins pois podem distrai-la e gerar desinteresse pela comida. Dessa forma, o momento de refeição pode acabar se tornando uma hora estressante do dia e fazer com que a criança associe à comida a esse sentimento.

Além dos sinais e recomendações para o momento de introdução alimentar, é bastante comum a família e os cuidadores terem dúvidas sobre como proceder em algumas situações durante essa fase. Por conta disso, o nosso Time de Saúde preparou algumas principais perguntas e respostas que você pode conferir a seguir:

A criança pode tomar suco de frutas?
Oferecer a fruta, no lugar de sucos, é mais saudável para a criança que está em fase de introdução alimentar. Isso se deve pela quantidade maior de fibras presentes nas frutas, além de estimular a mastigação e, em geral, não necessitar de adição de açúcar.

O que fazer quando a criança não aceita alguns alimentos?
Essa é uma dúvida pertinente e muito comum. A criança pode gostar do alimento na primeira vez que experimentar ou ainda pode precisar provar algumas vezes até se familiarizar com ele. Quando a criança faz caretas, não significa que não esteja gostando do alimento, mas somente que é um sabor novo e diferente do que estava acostumada). Se ela continuar a rejeitar o alimento, não desista. Deixe passar alguns dias e ofereça-o novamente ou preparado de outras formas. Algumas crianças precisam provar mais de oito vezes um alimento para gostar dele. Mas, claro, não force nenhum processo.

O que não pode ser oferecido?
O mel não deve ser oferecido para crianças menores de 1 ano devido ao risco de botulismo infantil, contaminação pela bactéria Clostridium botulinum. A criança menor de 1 ano é menos resistente a essa bactéria, podendo desenvolver a forma grave da doença, que causa sintomas gastrintestinais e neurológicos.

Também é recomendado evitar o consumo de açúcar e preparações que contenham açúcar até os dois aos de idade, introdução de sal de adição nos alimentos no primeiro ano de vida e introdução de alimentos ultraprocessados, pensando em promover hábitos alimentares saudáveis.

Pode dar água para a criança?
Quando o bebê tem menos de seis meses e está em aleitamento materno exclusivo não é preciso oferecer água, pois o leite materno é completo e tem água suficiente para saciar a sede dele. Mesmo nos dias quentes, a regra se mantém, mas vale amamentar com maior frequência para garantir a hidratação. Caso o bebê esteja utilizando fórmulas para se alimentar, é importante avaliar em conjunto com o médico que acompanha a criança se existe a necessidade de incluir a água. Esperamos que essas informações de qualidade possam ter ajudado a trazer mais segurança nesse momento único na vida do bebê e também de quem está responsável pelo cuidado. O Time de Saúde do Sírio-Libanês segue à disposição.

Referências

Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção Primaria à Saúde. Departamento de Promoção da Saúde. Guia alimentar para crianças brasileiras menores de 2 anos. Brasília, 2019.

WHO Guideline for complementary feeding of infants and young children 6–23 months of age, 2023.

Guia prático de alimentação da criança de 0 a 5 anos. Sociedade Brasileira de Pediatria. Departamentos Científicos de Nutrologia e Pediatria Ambulatorial. São Paulo, 2021.