A saúde das mulheres e o ambiente de trabalho

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O Dia Internacional da Mulher é um momento que incentiva a reflexão sobre as conquistas já alcançadas pela equidade de gênero e também sobre os desafios elas ainda enfrentam em diferentes esferas da vida.

Ao longo dos anos, presenciamos mudanças significativas na visão sobre os papeis de gênero e nas expectativas sociais em relação às mulheres, tendo como consequência maior inserção no mercado de trabalho e busca pela independência financeira. No entanto, apesar desses avanços, as mulheres continuam a enfrentar obstáculos, como a tripla jornada (trabalhar, cuidar da família e de si), a desigualdade salarial, os assédios no ambiente de trabalho e a dificuldade de conciliar vida profissional e familiar.

A sobrecarga de responsabilidades enfrentada pelas mulheres vai além do ambiente de trabalho, estendendo-se, muitas vezes, ao cuidado com a família e ao gerenciamento do lar. Dedicando duas vezes mais tempo às atividades domésticas em comparação com os homens, as mulheres frequentemente se encontram em situações em que a conciliação entre vida profissional e familiar se torna um desafio constante. Além disso, a inserção no mercado de trabalho pode implicar condições laborais desfavoráveis, como turnos irregulares e jornadas exaustivas, impactando negativamente sua saúde física e emocional.

A saúde da mulher no contexto do trabalho é influenciada por uma série de fatores, incluindo as condições laborais, a precariedade dos empregos e a sobrecarga de responsabilidades. Muitas trabalhadoras enfrentam sintomas e doenças crônicas relacionadas às condições de trabalho, que afetam sua qualidade de vida e bem-estar a longo prazo. Além disso, a discriminação de gênero e outras formas de desigualdade social podem agravar os impactos sobre a saúde das mulheres. Torna-se essencial o cuidado integral e o acolhimento sensível às suas necessidades específicas.

Também precisamos refletir sobre as questões de gênero em intersecção às questões raciais. Destacando a desigualdade salarial no Brasil, de acordo com o IBGE, mulheres negras recebem em média 44,4% da renda dos homens brancos. Em complemento a esse dado, o Global Gender Gap Report 2020 (Relatório Global sobre a Lacuna de Gênero) do Fórum Econômico Mundial classificou o Brasil em 130º lugar em igualdade salarial entre gêneros. Além disso, uma pesquisa do Instituto Patrícia Galvão, de 2020, intitulada “Percepções sobre violência e assédio contra mulheres no trabalho” revelou que 92% dos entrevistados percebem que as mulheres sofrem mais assédio no trabalho, com, por exemplo, 40% delas relatando receber xingamentos ou gritos, em comparação de 13% dos homens.

Diante dessas complexidades, é fundamental adotar uma abordagem de cuidado integral que leve em consideração não apenas as necessidades físicas, mas também as dimensões emocionais, sociais e econômicas da saúde das mulheres.

É um direito das mulheres ter acesso à assistência e à saúde com foco no princípio da integralidade, que abrange atenção em todas as fases da vida e com ações educativas de promoção e prevenção à saúde, bem como de tratamento. É essencial aprofundar o debate sobre a saúde física e mental, rompendo com a concepção limitada de saúde materno-infantil, restringindo-as apenas a questões relacionadas à maternidade.

Isso requer um olhar atento para as desigualdades estruturais que permeiam o mercado de trabalho e a sociedade como um todo, bem como a implementação de políticas públicas que garantam condições dignas de trabalho e acesso aos serviços de saúde.

Essas são alguns caminhos e ações que consideramos necessárias serem levadas em conta para promoção de mais saúde e bem-estar das mulheres de forma efetiva e sustentável. Conte com o seu Time de Saúde nessa jornada!