Doação de órgãos no Brasil: entenda como funciona e qual a importância

Entenda como funciona a doação de órgãos no Brasil e como você pode fazer parte disso.

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A doação de órgãos é um ato de generosidade e solidariedade que pode transformar o destino de inúmeras pessoas. Trata-se de uma prática regulamentada, que desempenha um papel fundamental na medicina moderna e pode beneficiar diversos receptores com um único doador.

Entenda como esse processo funciona no Brasil, quem pode doar, quais mitos precisam ser desfeitos e como você pode manifestar sua vontade de ser doador.

O que é a doação de órgãos?

A doação de órgãos é o processo pelo qual uma pessoa consente em ceder um ou mais órgãos ou tecidos para transplante, com o objetivo de salvar ou melhorar a qualidade de vida de outras pessoas. Essa doação pode ocorrer em duas situações: em vida ou após a morte, com o consentimento da família.

  • Doação em vida: é possível doar partes do fígado, um dos rins, medula óssea ou parte do pulmão, geralmente a familiares ou pessoas com alto grau de compatibilidade.
  • Doação após a morte: ocorre quando há o diagnóstico de morte encefálica. Nesse caso, diversos órgãos e tecidos podem ser aproveitados para transplante, como coração, fígado, rins, pâncreas, pulmões, córneas e pele.

A autorização final da família continua sendo indispensável, mesmo que a pessoa tenha manifestado sua vontade em vida.

Mais do que um procedimento médico, a doação é uma escolha que pode oferecer uma nova chance a quem aguarda por um transplante.

Por que a doação de órgãos é tão importante no Brasil?

Atualmente, milhares de brasileiros aguardam na fila por um transplante. Para muitos deles, essa é a única alternativa de sobrevivência.

De acordo com dados recentes do Ministério da Saúde, um único doador pode salvar até 8 vidas e beneficiar dezenas de pessoas, dependendo dos órgãos e tecidos doados. Ainda assim, o número de doações realizadas no país está aquém do necessário. Entre os principais obstáculos estão a desinformação, o medo e barreiras culturais que impedem famílias de autorizarem a doação, mesmo quando essa era a vontade do falecido.

Como funciona a doação de órgãos no Brasil?

O processo de doação de órgãos no Brasil segue protocolos rigorosos que garantem a seriedade, a ética e a segurança de todas as etapas:

  1. Diagnóstico de morte encefálica: dois médicos devem atestar, de forma independente, que não há mais atividade cerebral;
  2. Testes complementares: exames específicos confirmam o diagnóstico;
  3. Entrevista com a família: mesmo que a pessoa tenha manifestado vontade de ser doadora em vida, a autorização dos familiares é obrigatória;
  4. Captação e logística: com o aval da família, uma equipe médica especializada por cada orgão realiza a retirada dos mesmos, que são rapidamente encaminhados aos hospitais de destino, considerando compatibilidade, urgência e critérios clínicos.

A logística é complexa e envolve equipes especializadas, aeronaves, ambulâncias e suporte hospitalar, sempre respeitando as leis e regulamentos brasileiros.

Quem pode ser doador de órgãos?

Doadores falecidos:

  • Pessoas com diagnóstico confirmado de morte encefálica.
  • Idade e estado geral de saúde são analisados caso a caso.
  • Não há limite de idade: mesmo pessoas idosas podem doar, dependendo das condições dos órgãos.

Doadores em vida:

  • Podem doar um rim, parte do fígado, medula óssea ou parte do pulmão.
  • É necessário haver compatibilidade sanguínea e imunológica.
  • A doação precisa ser voluntária e sem nenhum tipo de pagamento envolvido.

Para a doação em vida não é necessária a autorização da família, o doador deve ser maior de 18 anos. Caso não tenha vínculo de parentesco com o receptor, ou seja parente acima de 4º grau, há necessidade de autorização judicial.

Como manifestar sua vontade de ser doador?

No Brasil, não existe um cadastro oficial de doadores. A principal forma de garantir que sua vontade será respeitada é avisar sua família. Algumas sugestões para deixar clara essa decisão:

  • Fale abertamente com parentes e amigos;
  • Anote essa vontade em documentos pessoais;
  • Deixe uma carta ou declaração assinada.

A informação correta e o diálogo são ferramentas poderosas para que mais vidas possam ser salvas.

Atualmente, também é possível registrar sua decisão em cartório, por meio do sistema de autorização eletrônica de doação de órgãos, lançado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Mesmo assim, a decisão final ainda depende do aval da família.

Verdades sobre a doação de órgãos: o que realmente acontece

Infelizmente, muitos mitos ainda circulam e atrapalham o processo de doação. Veja o que é verdade:

  • Os profissionais de saúde trabalham incansavelmente para salvar vidas. A doação só é considerada após a morte encefálica.
  • O procedimento é feito com respeito, não desfigura o corpo e não impede o velório com caixão aberto.
  • A idade não é o único critério. O que importa é a qualidade dos órgãos e tecidos.

Setembro Verde: a campanha pela conscientização da doação de órgãos

O Setembro Verde é o mês nacional da conscientização sobre a doação de órgãos. Criada para estimular o debate e informar a população, a campanha mobiliza instituições de saúde, ONGs, influenciadores e pacientes transplantados em uma grande corrente do bem.

Hospitais como o Sírio-Libanês participam ativamente da campanha com ações educativas, palestras e eventos especiais.

Como participar do Setembro Verde?

Você também pode fazer parte dessa corrente de solidariedade:

  • Vista-se de verde em sinal de apoio;
  • Compartilhe informações confiáveis nas redes sociais;
  • Converse com amigos e familiares sobre sua decisão;
  • Apoie campanhas institucionais promovidas por hospitais.

A doação de órgãos é um ato de empatia e generosidade. Ao manifestar sua vontade e conversar com a sua família, você pode ajudar a encurtar a fila de espera e salvar vidas. Informe-se sempre em sites confiáveis, como o blog do Hospital Sírio-Libanês.

O papel do Hospital Sírio-Libanês na doação e transplantes

O Hospital Sírio-Libanês é referência nacional em transplantes e atua em parceria com o Sistema Único de Saúde (SUS) por meio do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do SUS (Proadi-SUS).

Todos os anos, realizamos um grande volume de procedimentos, contribuindo diretamente para reduzir a fila de espera de pacientes do sistema público.

Além disso, somos referência no transplante dominó, uma modalidade em que um receptor, ao receber um órgão, pode também se tornar doador para outro paciente, ampliando o alcance da solidariedade.

Esse trabalho reflete nosso compromisso com a saúde pública e com a ampliação do acesso a procedimentos de alta complexidade.