Novo tratamento para hiperplasia prostática benigna
Prof. dr. Francisco Cesar Carnevaleprof. dr. Miguel Srougi
25/05/2017 · 4 min de leitura
Depois de realizar testes na Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, um grupo de médicos ligados ao Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (USP) e ao Hospital Sírio-Libanês passou a aplicar no Brasil, em homens, uma técnica inovadora para o tratamento da hiperplasia prostática benigna. Trata-se da embolização da próstata (veja infográfico no final da página).
Desde o primeiro paciente, tratado em 2008 no Hospital das Clínicas, foram mais de 300 casos com mais de 90% de sucesso. Em meados de 2016, o Conselho Federal de Medicina (CFM) aprovou o uso da técnica em todo o País e, já a partir do final daquele ano, a embolização da próstata começou a ser realizada pelo Hospital Sírio-Libanês — primeira instituição privada do Brasil a oferecer o tratamento.
A hiperplasia prostática benigna é um tipo de crescimento natural da próstata (sem relação com o câncer de próstata) a ponto de dificultar ou até impedir a passagem da urina pela uretra. Com o passar dos anos, praticamente todos os homens terão hiperplasia, mas ainda não se sabe por que alguns desenvolvem mais e outros menos dos seguintes sintomas:
- Dificuldades para urinar.
- Diminuição da força do jato urinário.
- Gotejamento no final da micção.
- Micção em dois tempos.
- Desejo de urinar durante a noite.
- Necessidade de urinar várias vezes durante o dia.
Esses sintomas se iniciam, geralmente, a partir dos 50 anos de idade e se tornam mais intensos depois dos 60 anos.
Urologista no Hospital Sírio-Libanês e uma das referências no assunto no Brasil, o prof. dr. Miguel Srougi explica que aproximadamente 70% dos homens convivem bem com a hiperplasia prostática benigna. Ou seja, seus sintomas não são intensos, e por esta não representar risco de se transformar em algo mais grave, não requer tratamento. No entanto, os outros 30% precisam de tratamento. “Alguns casos conseguimos tratar com medicamentos, outros precisam de cirurgia aberta (convencional) e no meio desses dois modelos de tratamento consideramos e embolização (cirurgia minimamente invasiva) como um ótimo recurso”, afirma.
Segundo o dr. Srougi, “a embolização da próstata é indicada, principalmente, quando os medicamentos já não têm mais efeitos contra a hiperplasia e o paciente não pode ou não quer passar por uma cirurgia aberta”.
A embolização, embora também seja considerada uma cirurgia, é um procedimento minimamente invasivo, realizado sob anestesia local, sem necessidade de cortes ou de internação do paciente.
Um dos responsáveis pelo desenvolvimento dessa técnica no Brasil, o médico radiologista intervencionista prof. dr. Francisco Cesar Carnevale, também integrante do corpo clínico do Hospital Sírio-Libanês, explica que a embolização é um procedimento semelhante ao cateterismo. “Um cateter é introduzido pela virilha e guiado por um aparelho de raios X até a próstata, onde injetamos microesferas, parecidas com grãos de areia, que reduzem a circulação de sangue no local”, descreve. “Com isso, a próstata diminui de tamanho e fica mais macia, o que alivia a obstrução da uretra, permitindo a passagem da urina mais facilmente”, completa.
Já tendo o acompanhamento dos primeiros pacientes por mais de cinco anos (primeiros tratamentos feitos em 2008), os resultados são duradouros em mais de 80%. As pesquisas realizadas pelo grupo pioneiro da USP mostram que entre 15% e 20% dos pacientes podem voltar a ter sintomas urinários no período de 4 a 5 anos. Nestes casos, o paciente ainda terá as opções de fazer uma nova embolização ou submeter-se a tratamentos complementares com medicamentos ou optar pela tradicional ressecção transuretral (RTU).
A escolha do melhor tratamento contra a hiperplasia prostática benigna depende das necessidades e das condições de saúde de cada paciente e deve ser discutida com um médico urologista.
O Hospital Sírio-Libanês, além de ter um Núcleo Avançado de Urologia com diversos profissionais especializados no assunto, oferece todos os tipos de tratamento da hiperplasia prostática benigna. A técnica de embolização foi desenvolvida no País com suporte também do hospital.