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“Reumatismo” se refere a um grupo de mais de 100 doenças
Dr. Cristiano Augusto de Freitas Zerbini
Especialista em ReumatologiaOsteoporose e Saúde Óssea
28/10/2016 ·
Reumatologista no Hospital Sírio-Libanês, o dr. Cristiano Zerbini recebe com frequência pacientes que se queixam de dores nas juntas, como joelhos, ombros e punhos, e perguntam se estão com reumatismo. Antes de seguir com a consulta, ele explica que reumatismo, na verdade, não é uma doença, mas um termo geral para caracterizar cerca de 130 doenças que afetam, principalmente, as articulações (juntas), embora também possam afetar os sistemas respiratório, gastrointestinal e a pele, entre outras partes de nosso corpo.
Outra dúvida comum dos pacientes, revela o dr. Zerbini, é sobre as consequências do reumatismo. “Muitos me perguntam se vão precisar de cadeira de rodas ou se vão ficar com as mãos deformadas”, conta o médico. “Percebo que a expressão ‘reumatismo’ soa grave para alguns pacientes, que acham que vão ter problemas para andar, trabalhar…”, observa.
No entanto, segundo ressalta o médico, o reumatismo tem tratamento e, quando acompanhado por especialistas, tende a se tornar um problema de menor gravidade, sem tanto impacto na qualidade de vida.
Essa e outras mensagens positivas são transmitidas pela Sociedade Brasileira de Reumatologia todo dia 30 de outubro, Dia Nacional de Luta contra o Reumatismo.
De acordo com o Ministério da Saúde, cerca de 12 milhões de pessoas têm algum tipo de doença reumática, sendo que entre as mais comuns estão: artrose, artrite reumatoide, lúpus, gota, osteoporose, tendinites, bursites e fibromialgia.
Quem tem reumatismo?
Como se trata de um grupo grande de doenças, o reumatismo pode ter várias causas e afetar qualquer pessoa. Os idosos, por exemplo, são os que mais têm artrose — um problema reumático provocado pelo desgaste natural da cartilagem articular. Já a gota, doença reumática relacionada ao aumento de ácido úrico no sangue, é mais frequente nas pessoas do sexo masculino.
O reumatismo também pode afetar as crianças. Um exemplo disso é a atrite reumatoide juvenil, que provoca dores nas articulações. Por isso, se uma criança apresentar esses sintomas, um médico deve ser procurado rapidamente, pois essa doença conta com ótimas condições de tratamento, enfatiza o dr. Zerbini.
No entanto, são as mulheres com idade entre 25 e 45 anos as mais atingidas pelas doenças reumáticas, sobretudo as autoimunes, como lúpus e artrite reumatoide. O surgimento dessas doenças nas mulheres está ligado a uma tendência maior de produção de anticorpos, provavelmente relacionada aos hormônios femininos.
Quais os sinais de reumatismo?
Na maioria das vezes, as doenças reumáticas apresentam sintomas claros e podem ser percebidos pelo próprio paciente. Alguns desses sinais são:
- Dores nas articulações, principalmente por mais de seis semanas.
- Vermelhidão, calor e inchaço nas articulações.
- Dificuldade para movimentar as articulações ao acordar.
- Dores ao esticar os braços sobre a cabeça.
- Dores ao elevar os ombros até tocar o pescoço.
Segundo o dr. Zerbini, se um ou mais desses sintomas forem observados, um médico reumatologista deve ser consultado, pois o quanto antes for encontrado o problema, melhores serão as condições de tratamento e controle da doença reumática diagnosticada.
Como tratar o reumatismo?
Os cuidados prestados aos pacientes com reumatismo variam conforme a doença e seu estágio de evolução. Entre os remédios mais utilizados estão os anti-inflamatórios, a cortisona e os moduladores da inflamação, ou seja, medicamentos que inibem a produção de citocinas — substâncias envolvidas no processo inflamatório. Esses medicamentos impedem que essas substâncias atuem levando à progressão da doença.
Em alguns casos de doenças reumatológicas autoimunes podem ser usados medicamentos imunossupressores, que também fazem parte dos tratamentos contra o câncer, para diminuir o processo inflamatório. No entanto, as dosagens são bem menores, evitando os efeitos colaterais comuns da quimioterapia, como náuseas e queda e cabelo.
As doenças reumatológicas podem ter longa duração, causando ansiedade e depressão em alguns pacientes, e exigir também o tratamento com medicamentos antidepressivos, ansiolíticos e a realização de práticas integrativas, como acupuntura. “Um bom relacionamento com o médico e o suporte da família são essenciais para a definição do melhor tratamento a ser seguido contra o reumatismo”, avalia o dr. Cristiano Zerbini.
Tomar os medicamentos na hora certa, não deixar de realizar exercícios físicos e ter os momentos de repouso recomendados pelo médico podem fazer uma grande diferença no resultado final dos tratamentos.
Visando fornecer suporte integral aos pacientes com doenças reumatológicas e seus familiares, o Hospital Sírio-Libanês criou em 2010 o Núcleo Avançado de Reumatologia. Esse grupo, formado por diferentes profissionais da área da saúde, se dedica à avaliação, ao diagnóstico e ao tratamento das enfermidades relacionadas à área.
O objetivo de nosso hospital é contribuir para uma melhor qualidade de vida das pessoas com doenças reumatológicas, evitando ou minimizando possíveis sequelas futuras relacionados ao reumatismo.