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Burnout: Quando o Cansaço se Torna Doença?
Ambientes de trabalho com alto nível de estresse têm aumentado os casos de burnout no Brasil e no mundo. O Hospital Sírio-Libanês oferece apoio especializado para o diagnóstico, prevenção e cuidado da saúde emocional e mental. Conheça os sinais e medidas para reverter esse quadro com segurança e acolhimento.
Dra. Natalia Mansur Haddad de Oliveira Santos
06/08/2025 · 5 min de leitura
Burnout: Quando o Cansaço se Torna Doença?
A Organização Mundial da Saúde (OMS) reconheceu o burnout como um fenômeno ocupacional passível de categorização nas classificações de saúde, embora não seja classificado como uma condição médica. Na Classificação Internacional de Doenças (CID-11), o burnout é definido por três dimensões principais:
- Sentimentos de Exaustão: Cansaço emocional e físico intenso.
- Distância Mental do Trabalho: Despersonalização, cinismo ou atitudes negativas em relação ao trabalho.
- Redução da Eficácia Profissional: Diminuição da sensação de realização e produtividade.
Por sua vez, a American Psychological Association (APA) não considera o burnout um diagnóstico médico formal, mas o descreve como um estado emocional resultante do estresse crônico em ambientes de trabalho. Embora não esteja listado no Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders (DSM-5), frequentemente é analisado em relação a outros transtornos mentais, como a depressão e a ansiedade.
Para um diagnóstico clínico adequado, o burnout deve ser avaliado com base nos seguintes critérios:
- Presença de sintomas emocionais, físicos e comportamentais associados ao estresse no ambiente laboral.
- Duração dos sintomas e seu impacto na vida diária, especialmente no contexto profissional.
A prevalência de burnout tem sido amplamente estudada, especialmente com o aumento do estresse profissional e as mudanças nas condições de trabalho, exacerbadas pela pandemia de COVID-19. De acordo com uma meta-análise de 2021, a prevalência global do burnout entre trabalhadores varia entre 27% e 40%, dependendo do setor e da localização geográfica. Profissões de alta pressão, como saúde, educação, serviços sociais e tecnologia, relatam taxas significativas de burnout.
No Brasil, estudos recentes mostram que a prevalência do burnout pode variar amplamente entre diferentes populações. Um estudo de 2021 indicou que cerca de 30% a 60% dos profissionais de saúde relataram sintomas de burnout, enquanto profissionais da educação também foram fortemente afetados, apresentando taxas de aproximadamente 30%.
Relatórios da Organização Internacional do Trabalho (OIT) evidenciam que a saúde mental e o bem-estar no trabalho são preocupações crescentes, com o burnout se tornando uma questão central conforme os padrões laborais evoluem.
O entendimento sobre a prevalência do burnout é um campo em constante evolução, e pesquisas contínuas são fundamentais para compreender melhor o problema e implementar intervenções eficazes. É importante ressaltar que a coleta de dados pode variar consideravelmente conforme a metodologia e a população avaliadas.
A prevenção e a intervenção, quando identificado o burnout, são cruciais tanto para indivíduos quanto para organizações. As medidas podem ser de caráter individual ou voltadas para o ambiente organizacional.
Medidas Individuais:
Autoconhecimento e Autocuidado:
- Práticas de mindfulness e meditação.
- Dedicar tempo a hobbies e atividades que proporcionem prazer.
- Estabelecer limites saudáveis entre vida pessoal e profissional.
Gerenciamento do Estresse:
- Utilização de técnicas de relaxamento, como respiração profunda, yoga e exercícios físicos.
- Manutenção de uma rotina de sono adequada para garantir um descanso de qualidade.
Desenvolvimento de Habilidades Sociais:
- Fomentar relações de apoio social no ambiente de trabalho e fora dele.
- Participar de grupos de suporte e discussões sobre saúde mental.
Educação e Formação:
- Buscar informações sobre burnout, suas causas e consequências.
- Participar de workshops que promovam habilidades de resiliência e gerenciamento do estresse.
Medidas para Organizações:
Ambiente de Trabalho Saudável:
- Promover uma cultura organizacional que priorize o bem-estar mental.
- Criar espaços seguros onde os funcionários possam expressar preocupações e buscar ajuda.
Políticas de Trabalho Flexível:
- Implementar horários flexíveis e opções de trabalho remoto.
- Promover pausas regulares para descanso durante a jornada laboral.
Treinamento de Liderança:
- Oferecer formação a líderes sobre como reconhecer sinais de burnout e apoiar suas equipes.
- Incentivar uma comunicação aberta e empática entre líderes e colaboradores.
Programas de Saúde e Bem-Estar:
- Implementar programas que ofereçam suporte psicológico e recursos relacionados à saúde mental.
- Garantir acesso a serviços de aconselhamento e apoio psicológico.
Avaliação e Monitoramento:
- Realizar avaliações regulares sobre o bem-estar no trabalho, coletando feedback sobre níveis de estresse e burnout.
- Desenvolver estratégias baseadas em dados para abordar questões de saúde mental.
Essas medidas exigem um esforço conjunto de indivíduos, organizações e instituições de saúde. Um ambiente que valoriza a saúde mental, aliado a ações práticas de promoção do bem-estar, pode ajudar a reduzir a prevalência do burnout e aprimorar a qualidade de vida no trabalho.
Cuidar da mente é essencial para viver com equilíbrio. Conte com os especialistas do Sírio-Libanês para sua saúde mental.
As condições psiquiátricas merecem acolhimento, escuta qualificada e uma abordagem personalizada para garantir bem-estar e qualidade de vida. No Núcleo de Psiquiatria do Hospital Sírio-Libanês, você encontra uma equipe multidisciplinar preparada para atuar com seriedade, empatia e compromisso, unindo conhecimento técnico, ciência atualizada e cuidado integral. Se você enfrenta sintomas como ansiedade, insônia, alterações de humor ou deseja investir em saúde emocional de forma preventiva, agende uma consulta com nossos especialistas.
Referências
Organização Mundial da Saúde (OMS): https://www.who.int
American Psychological Association (APA): https://www.apa.org
Instituto Nacional de Segurança e Saúde no Trabalho (Inail): https://www.inail.it
Maslach, C. & Leiter, M. P. (2016). "Burnout in the Workplace: A Review of the Literature." In Burnout: A Guide to Identifying Burnout and Pathways to Recovery.
Schaufeli, W. B. & Taris, T. W. (2014). "A meta-analysis of the relationship between job burnout and job performance." In Journal of Applied Psychology, 89(2), 276-290.
Organização Internacional do Trabalho (OIT): https://www.ilo.org
Hakanen, J. J., & Schaufeli, W. B. (2012). "Job resources and employee well-being: The moderating role of personal resources." In International Journal of Stress Management, 19(3), 245-266.
7.National Institute for Health and Care Excellence (NICE): https://www.nice.org.uk