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Como Reconhecer Sinais de Ansiedade e Depressão no Dia a Dia
Dr. Antonio Hélio Guerra Vieira Filho
04/09/2025 · 7 min de leitura
Você já se sentiu sobrecarregado por preocupações que parecem não ter fim? Ou notou uma tristeza persistente que tira o brilho das coisas que antes gostava de fazer? Se a sua resposta for sim, saiba que você não está sozinho. Esses sentimentos fazem parte da complexa experiência humana. A vida, com seus altos e baixos, nos desafia constantemente. Porém, é fundamental saber a diferença entre uma reação emocional passageira e algo que merece uma atenção mais cuidadosa.
O primeiro passo para o bem-estar mental é a informação. Entender o que estamos sentindo é um ato de poder e autocuidado, por isso precisamos saber quais os sinais de ansiedade e depressão. A boa notícia é que ambas são condições tratáveis e reconhecer os sinais é o passo mais importante para buscar o caminho da recuperação.
O que é a Ansiedade e Quando Ela Deixa de Ser Normal?
A ansiedade é um alarme natural do nosso corpo. Ela é uma resposta útil e esperada diante de um desafio, como uma entrevista de emprego ou uma prova importante. Esse tipo de ansiedade nos deixa mais alertas e focados. Ela vem, cumpre seu papel e, depois que a situação passa, vai embora. É um estado do Eu, um sentimento que acontece quando vivenciamos uma situação de expectativa. O problema começa quando este alarme dispara sem motivo aparente ou simplesmente não desliga. É quando a ansiedade deixa de ser uma aliada e passa a paralisar a nossa vida, tornando-se um transtorno.
Para ficar mais claro, segue abaixo uma lista de sinais comuns que podem indicar que a ansiedade está passando dos limites. Veja se você reconhece alguns deles no seu cotidiano:
Sinais Emocionais e Mentais:
- Preocupação excessiva e incontrolável:
É aquela sensação de que algo ruim vai acontecer a qualquer momento, mesmo quando tudo parece estar bem. É viver em um estado de alerta constante, com pensamentos que giram em círculo sobre trabalho, família, saúde ou finanças, sem que você consiga “desligá-los”.
- Sensação de estar "no limite":
Uma tensão interna contínua, como se você estivesse prestes a explodir. Pequenos imprevistos se tornam gatilhos para uma irritabilidade desproporcional.
- Dificuldade de concentração:
A mente parece uma janela com dezenas de abas abertas ao mesmo tempo. Fica difícil focar em uma tarefa, ler um livro ou até mesmo acompanhar um filme.
- Medos irracionais:
Um pavor intenso de situações específicas que não representam um perigo real, como falar em público, estar em locais fechados ou interagir socialmente.
Sinais Físicos:
- Coração acelerado (taquicardia) ou batendo mais forte (palpitação) e sensação de falta de ar:
Muitas vezes, a pessoa sente o coração batendo tão forte que pensa estar tendo um ataque cardíaco. A respiração fica curta e ofegante.
- Tensão muscular:
Dores crônicas, principalmente nos ombros, pescoço e costas, são muito comuns. É como se o corpo estivesse constantemente se preparando para uma luta.
- Problemas gastrointestinais:
A ansiedade mexe diretamente com o nosso sistema digestivo, podendo causar dor de estômago, queimação, diarreia ou síndrome do intestino irritável.
- Cansaço constante e insônia:
Mesmo sem ter feito um grande esforço físico, a pessoa se sente esgotada. E, na hora de dormir, a mente não desliga, tornando difícil pegar no sono ou mantê-lo durante a noite.
Depressão é Muito Mais do que Apenas Tristeza
É normal nos sentirmos tristes quando perdemos alguém querido, terminamos um relacionamento ou enfrentamos uma grande decepção. A tristeza é um sentimento, assim como a alegria. A depressão, no entanto, é uma condição médica complexa que afeta o cérebro, o humor e o corpo de forma persistente. Ela não precisa de um motivo aparente para se instalar e não vai embora apenas com "força de vontade".
Para entender melhor, vamos olhar para os sintomas de depressão que mais aparecem na prática clínica:
Sinais Emocionais e Comportamentais:
- Tristeza profunda e persistente:
Um sentimento de vazio ou uma tristeza que está presente na maior parte do dia, quase todos os dias, por semanas a fio. Por vezes o diagnóstico de depressão pode ser feito sem que haja o sentimento de tristeza, a “Depressão sem Tristeza”.
- Perda de interesse e prazer (anedonia):
Este é um sintoma central. Se ir àquele encontro com amigos que você tanto amava agora parece um esforço gigantesco, preste atenção. Atividades que antes traziam alegria, como hobbies, esportes ou o convívio social, perdem a graça.
- Isolamento social:
A pessoa começa a se afastar de amigos e familiares, preferindo ficar sozinha. O convívio social se torna cansativo e sem sentido.
- Sentimentos de inutilidade ou culpa excessiva:
Uma autocrítica severa e a sensação de ser um peso para os outros. A pessoa pode se culpar por coisas que não são sua responsabilidade.
- Choro fácil:
Crises de choro que parecem surgir sem um gatilho específico.
- Pessimismo
- Insônia ou Hipersônia
- Fadiga, perda de energia
Sinais Físicos e Cognitivos:
- Alterações no apetite e no peso:
Pode haver uma perda de apetite significativa, levando ao emagrecimento, ou, ao contrário, um aumento da vontade de comer (principalmente carboidratos) e ganho de peso.
- Alterações no sono:
Insônia (dificuldade para dormir ou acordar no meio da noite) ou hipersonia (vontade de dormir o dia todo) são muito comuns.
- Fadiga ou falta de energia vital:
Uma sensação de cansaço extremo que não melhora com o descanso. Tarefas simples, como tomar banho ou arrumar a cama, podem parecer exaustivas.
- Lentidão no pensamento e nos movimentos:
O raciocínio fica mais lento, e a pessoa pode ter dificuldade de tomar decisões simples. Os movimentos e a fala também podem ficar mais vagarosos.
E quando os sinais se misturam?
Na prática, é muito raro encontrar um quadro "puro". A ansiedade e a depressão são como primas que frequentemente andam de mãos dadas. É o que chamamos de comorbidade. A preocupação constante e o esgotamento da ansiedade podem, com o tempo, levar à desesperança e à perda de prazer da depressão. Ao mesmo tempo, a apatia da depressão pode gerar uma ansiedade intensa sobre o futuro e a própria condição. Se você se identificou com sintomas das duas listas, saiba que isso é extremamente comum.
Reconhecer esses sinais em você ou em alguém que ama é um ato fundamental de autocuidado e empatia. Este é o primeiro e mais corajoso passo. A jornada para a saúde mental no dia a dia começa com a conscientização de que não é preciso "aguentar firme" em silêncio. A dor emocional é real e merece ser tratada com a mesma seriedade que uma dor física.
Se você se identifica com vários desses sinais e percebe que eles estão impactando sua qualidade de vida, seu trabalho ou seus relacionamentos, não hesite em procurar ajuda psiquiátrica ou psicológica. Conversar com um profissional qualificado não é um sinal de fraqueza, mas sim o passo mais corajoso que você pode dar em direção ao seu bem-estar. Lembre-se: você não precisa passar por isso sozinho. O diagnóstico preciso só pode ser feito por um especialista, que irá avaliar seu caso de forma individualizada e segura.
Com o diagnóstico correto e o tratamento adequado, que pode envolver psicoterapia, mudanças no estilo de vida e, quando necessário, medicação, é totalmente possível reencontrar o equilíbrio, a leveza e a alegria de viver.
Erros Comuns:
No tratamento de sucesso, todos os sintomas desaparecem. Se a prescrição de medicamento “tarja preta “ é necessária para que isto ocorra, é indicação que este medicamento está ocultando sintomas de depressão/ansiedade ainda não resolvidos pelo antidepressivo prescrito.
Cuidar da mente é essencial para viver com equilíbrio. Conte com os especialistas do Sírio-Libanês para sua saúde mental. As condições psiquiátricas merecem acolhimento, escuta qualificada e uma abordagem personalizada para garantir bem-estar e qualidade de vida. No Núcleo de Psiquiatria do Hospital Sírio-Libanês, você encontra uma equipe multidisciplinar preparada para atuar com seriedade, empatia e compromisso, unindo conhecimento técnico, ciência atualizada e cuidado integral.