Fumar cigarro eletrônico faz mal à saúde?

Da mesma forma que o cigarro convencional, o cigarro eletrônico faz mal principalmente devido à liberação de nicotina, que é maior no VAPE, cerca de 3 a 4 vezes mais, do que no cigarro convencional.

A nicotina presente nos vapes é altamente viciante e pode levar à dependência em um curto período, especialmente em cérebros em desenvolvimento. Por isso, pessoas que usam dispositivos que liberem nicotina, como o cigarro eletrônico ou o convencional, têm maior dificuldade em deixar de fumar.

A fumaça expelida pelo VAPE e cigarros convencionais são lançados no ar e isso faz com que as pessoas ao redor inalem passivamente tanto a nicotina como as demais substâncias tóxicas (fumantes passivos) Em mulheres grávidas, a exposição à nicotina aumenta o risco de malformações neurológicas no feto, baixo peso e/ou alergias no bebê..

Quais os potenciais riscos à saúde dos jovens e adultos que fumam VAPE?

Além da dependência da nicotina, o uso do cigarro eletrônico pode causar danos pulmonares graves devido a inalação de substâncias tóxicas e cancerígenas encontradas nos solventes (líquidos) utilizados no VAPE. As principais doenças são: pneumonite (inflamação nos pulmões), broncopneumonia, enfisema pulmonar, doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), bronquiolite obliterante, além de aumentar o risco de desenvolver câncer de pulmão.

Fumar o vape pode causar uma nova doença chamada EVALI (E-cigarette or Vaping product use-Associated Lung Injury). Essa lesão pulmonar tem sido relacionada à presença de acetato de vitamina E, um tipo de óleo usado no líquido do cigarro eletrônico, especialmente nos que contém THC (tetrahidrocanabinol), uma substância psicoativa da maconha, que interfere no funcionamento normal dos pulmões.

Os sintomas que a EVALI pode causar são:

  • Falta de ar;
  • Febre;
  • Tosse;
  • Náusea e vômito;
  • Dor no estômago;
  • Diarreia;
  • Tontura;
  • Palpitação;
  • Dor no peito;
  • Cansaço excessivo.

Esses sintomas podem surgir em alguns dias ou ao longo de várias semanas, sendo importante procurar ajuda médica para que seja feito o diagnóstico correto e o tratamento mais adequado.

  • Problemas cardiovasculares: O uso de nicotina pode afetar o sistema cardiovascular, aumentando o risco de problemas cardíacos.

  • Exposição a substâncias tóxicas: Além da nicotina, os líquidos dos vapes contêm substâncias químicas como propilenoglicol, glicerina vegetal, dietilenoglicol, acetaldeído, formaldeído, acroleína, benzeno, diacetil e metais pesados (níquel, chumbo, estanho, cádmio), muitas das quais são cancerígenas ou tóxicas para os pulmões e outros órgãos.

  • Porta de entrada para o cigarro convencional: Estudos indicam que o uso de cigarros eletrônicos pode servir como porta de entrada para o consumo de cigarros convencionais, especialmente entre os jovens.

  • Danos à saúde bucal: O uso de vapes pode causar alterações na saúde bucal.

Qual a prevalência dos jovens que fumam VAPE?

Mais de um bilhão de pessoas no mundo fumaram tabaco em 2016. Nos EUA, 34,3 milhões (14,0%) de adultos (≥18 anos de idade) eram fumantes atuais em 2017; 6,9 milhões (2,8%) eram usuários atuais de cigarros eletrônicos.

As taxas de uso de cigarros eletrônicos são maiores entre os jovens e aceleraram rapidamente, segundo estudo do Monitoring the Future, as taxas de prevalência de vaping (uso de cigarro eletrônico) nos EUA em 2018 foram de 9,7% dos alunos do 8° ano experimentaram o VAPE, 20% do 10° ano e 25% do 12° ano.

No Brasil, um levantamento nacional recente (Terceiro Levantamento Nacional de Álcool e Drogas - LENAD III) aponta que 8,7% dos adolescentes entre 14 e 17 anos no Brasil usaram vape no último ano. Essa prevalência é cinco vezes maior do que o consumo de tabaco convencional na mesma faixa etária (1,7%).

Entre a população geral com 14 anos ou mais, 5,6% utilizam os dispositivos, sendo 3,7% de forma exclusiva e 1,9% em conjunto com o tabaco convencional.

Os dados também mostram que 76,3% dos adolescentes que experimentaram cigarro eletrônico passaram a fazer consumo regular.

Quais substâncias presentes no e-líquido do cigarro eletrônico?

Além da nicotina, o e-líquido do cigarro eletrônico tem outras substâncias, incluindo:

  • Propilenoglicol: é um líquido transparente, usado como base para o óleo para formar o vapor, e quando aquecido pode se transformar em óxido de etileno que é uma substância cancerígena;

  • Glicerina vegetal: é usada para produzir a nuvem de vapor ao fumar o cigarro eletrônico, e pode causar inflamação nos pulmões;

  • Dietilenoglicol: também usado como base no líquido dos cigarros eletrônicos, podendo causar intoxicação e doenças pulmonares;

  • Acetaldeído e formaldeído: são substâncias liberadas quando o propilenoglicol é aquecido e são comprovadamente cancerígenas;

  • Acroleína: é uma substância herbicida, usada para matar ervas daninhas, e que pode causar danos irreversíveis nos pulmões;

  • Benzeno: é uma substância que pode causar câncer, como a leucemia, quando utilizado a longo prazo.

  • Diacetil: é uma substância usada para dar sabor, e pode causar inflamação e cicatrizes nos brônquios e desenvolvimento de bronquiolite obliterante;

  • Metais pesados como níquel, chumbo, estanho e cádmio são capazes de causar danos nos pulmões e problemas respiratórios, como enfisema pulmonar ou doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC). Esses metais pesados podem também afetar o cérebro, rins ou outros órgãos.

De acordo com um documento oficial lançado pelo CDC (Centro de Controle e Prevenção de Doenças) americano, o aquecimento do propilenoglicol a mais de 150ºC, libera 10 vezes mais formaldeído que o cigarro convencional, uma substância com ação cancerígena, além disso, existem substâncias químicas usadas para criar o sabor dos cigarros eletrônicos, que também não têm comprovação de segurança a longo prazo.

O uso do VAPE é aprovado pela Anvisa?

NÃO!
É importante ressaltar que a venda, importação e propaganda de cigarros eletrônicos são proibidas pela ANVISA no Brasil desde 2009, devido à falta de comprovação de segurança e eficácia, além dos riscos à saúde e o apelo a um público mais jovem.

A proibição também leva em conta os riscos de explosão da bateria e queimaduras com o uso de cigarros eletrônicos sem controle de segurança, de doenças respiratórias, além de evitar o uso desses cigarros por jovens.

Além do mais, o seu uso tem sido desaconselhado por órgãos como Associação Médica Brasileira e Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia.

Cigarro eletrônico ajuda a parar de fumar?

NÃO!
Segundo a Sociedade Torácica Americana, os estudos feitos sobre a ação dos cigarros eletrônicos para ajudar a deixar de fumar, não mostraram qualquer efeito ou relação. Por isso, o cigarro eletrônico não deve ser usado da mesma forma que outros produtos comprovados para parar de fumar, como adesivos ou chicletes de nicotina.

Enquanto o adesivo de nicotina reduz gradualmente a quantidade de nicotina que é liberada, ajudando o corpo a abandonar a dependência, o VAPE libera sempre a mesma quantidade, além de não existir regulação para a dose de nicotina que cada marca coloca nos líquidos usados no cigarro eletrônico. A OMS (Organização Mundial da Saúde) também aconselha o uso de outras estratégias comprovadas e seguras para deixar de fumar.

Fumar cigarro eletrônico é melhor do que o convencional?

NÃO!
Ambos os cigarros, eletrônicos (vapes) e os cigarros convencionais representam sérios riscos à saúde, embora suas composições e mecanismos de entrega de nicotina sejam diferentes. A crença de que os vapes são uma alternativa segura é um mito perigoso.

Cigarro Convencional:

  • Contém mais de 4.700 substâncias tóxicas, incluindo nicotina, alcatrão e monóxido de carbono, resultantes da combustão do tabaco.

  • A fumaça inalada e exalada é prejudicial tanto para o fumante ativo quanto para o passivo.

  • Causa dependência devido à nicotina e está associado a diversos tipos de câncer, doenças cardiovasculares e respiratórias.

Cigarro Eletrônico (Vape):

  • Não envolve combustão, mas sim o aquecimento de um líquido (e-líquido) que gera um aerossol (vapor) para inalação.

  • O e-líquido contém nicotina (em concentrações que podem ser iguais ou até maiores que no cigarro convencional), propilenoglicol, glicerina vegetal, aromatizantes e outras substâncias químicas, como acetaldeído, formaldeído, acroleína, benzeno, diacetil e metais pesados.

  • Apesar de não conter alcatrão e monóxido de carbono, o vapor contém partículas ultrafinas e substâncias tóxicas que podem causar danos pulmonares e cardiovasculares.

  • A nicotina nos vapes é altamente viciante, e a quantidade inalada pode ser maior devido à facilidade de uso e à falta de regulação da dose.

  • O vapor exalado também é prejudicial para fumantes passivos.

  • Há riscos de lesões físicas, como queimaduras, devido a explosões ou mau funcionamento dos dispositivos.

Riscos Comuns e Comparativos do VAPE x cigarro convencional

  • Dependência de Nicotina: Ambos causam forte dependência devido à nicotina. A nicotina do vape pode ser absorvida mais rapidamente e em maiores quantidades, aumentando o risco de vício, especialmente em jovens.

  • Doenças Pulmonares: Ambos estão associados a doenças pulmonares graves. Enquanto o cigarro convencional causa enfisema e bronquite crônica, o vape pode levar à EVALI, bronquiolite obliterante e outras inflamações pulmonares.

  • Doenças Cardiovasculares: A nicotina presente em ambos os produtos aumenta o risco de problemas cardíacos, como infarto e AVC (acidente vascular cerebral).

  • Câncer: Embora o cigarro convencional seja um conhecido causador de câncer, as substâncias presentes no vapor do cigarro eletrônico (como formaldeído e benzeno) também são comprovadamente cancerígenas, e estudos sugerem que o uso de VAPES pode aumentar o risco de câncer em idades mais jovens.

  • Fumo Passivo: Ambos os tipos de cigarro expõem pessoas ao redor a substâncias tóxicas, prejudicando a saúde de fumantes passivos.

  • Porta de Entrada: O cigarro eletrônico, com seus sabores atraentes, tem sido uma porta de entrada para o tabagismo convencional, especialmente entre os jovens, que podem desenvolver o vício em nicotina e migrar para o cigarro tradicional.

Mensagens finais:

  • Nenhuma forma de FUMAR É SEGURA.

  • Foram necessárias décadas de tabagismo para o desenvolvimento do câncer de pulmão e da doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), portanto, os efeitos do uso crônico de cigarros eletrônicos (VAPEs) na população ficarão mais evidentes após meados deste século.

  • A percepção de que o cigarro eletrônico é menos prejudicial é uma FALSA sensação de segurança que tem atraído muitos jovens ao vício da nicotina e inúmeros problemas na saúde pulmonar desta população

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Referências:

  1. What are the respiratory effects of e-cigarettes? Gotts JE, Jordt SE, McConnell R, Tarran R. BMJ (Clinical Research Ed.). 2019;366:l5275.

  2. The paradox of the safer cigarette: understanding the pulmonary effects of electronic cigarettes. Allbright K, Villandre J, Crotty Alexander LE, et al. The European Respiratory Journal. 2024;63(6):2301494.

  3. https://jornal.unesp.br/2023/05/04/popularidade-de-cigarro-eletronico-entre-jovens-preocupa-estudiosos-que-temem-danos-a-saude-bucal-e-novo-estimulo-a-dependencia-de-nicotina/

  4. Centers for Disease Control and Prevention. E-cigarette, or Vaping, Products Visual Dictionary. 2018.

https://www.cdc.gov/tobacco/basic_information/e-cigarettes/pdfs/ecigarette-or-vaping-products-visual-dictionary-508.pdf

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