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Agosto branco, mês de conscientização sobre câncer de pulmão
Neste conteúdo, você entende por que o Agosto Branco é uma campanha essencial, quais são os principais fatores de risco, os sinais de alerta, formas de prevenção e os avanços no tratamento. Também explicamos como o rastreio com tomografia pode fazer a diferença e qual a importância de uma abordagem multidisciplinar para aumentar as chances de cura.
Dra. Juliana TrindadeDr. Fabio Haddad
06/08/2025 · 7 min de leitura
O Agosto Branco é uma campanha de conscientização sobre a prevenção e o diagnóstico precoce do câncer de pulmão e ao longo desse texto mostraremos a importância de se falar sobre uma doença potencialmente grave, com chances de cura proporcionais ao quão precoce conseguimos diagnosticá-lo.
E por que falar sobre câncer de pulmão? Pelo simples fato de que é o câncer que mais mata seres humanos em todo o mundo. Não é o mais frequente, nem em homens, nem em mulheres, mas é o mais letal.
No que se refere à prevenção, evitar a exposição a todo tipo de cigarro (eletrônico ou não) é a primeira medida a ser considerada. Em pacientes já expostos ao cigarro, a detecção precoce pode ser feita por meio de exames de imagem, sendo a tomografia computadorizada de tórax, o exame mais sensível para esse fim. Há sólidos estudos mostrando que esse procedimento (tomografia de tórax), aumenta a detecção da doença em estágios mais iniciais, tendo significativo impacto na redução da mortalidade pelo câncer de pulmão.
O que é câncer?
O câncer é uma doença que surge da transformação de uma célula do nosso corpo, que perde seus mecanismos de autorregulação e começa a se multiplicar indefinidamente. Assim os tumores malignos passam de invisíveis a visíveis e podem, nessa jornada, invadir vasos linfáticos e sanguíneos podendo carregar células do tumor para outros órgãos, onde essas células se proliferam e podem dar origem a novos focos do tumor, as metástases.
Quando a célula que sofre mutação é de origem pulmonar temos o câncer primário do pulmão. E por que falar sobre câncer de pulmão? Pelo simples fato de que é o câncer que mais mata seres humanos em todo o mundo. Não é o mais frequente, nem em homens, nem em mulheres, mas é o mais letal.
Fatores de risco
Em termos de agentes causadores do câncer de pulmão, o tabagismo possui um papel relevante. Cerca de 80% dos pacientes diagnosticados com tumores malignos do pulmão são tabagistas ou ex-tabagistas ativos. Os demais podem ter sido tabagistas passivos, ter tido algum tipo de exposição a agentes cancerígenos na sua atividade profissional, ter ficado muito expostos à poluição ambiental, além de casos relacionados a questões genéticas do paciente. Há ainda um número crescente de tumores dos pulmões em pacientes mais jovens e sem relação com tabaco.
Prevenção ao câncer de pulmão
No que se refere à prevenção, não fumar é a primeira medida a ser considerada. Em pacientes já expostos ao cigarro, a orientação é interromper o tabagismo o quanto antes. A detecção precoce pode ser feita por meio de exames de imagem, sendo a tomografia computadorizada de tórax o exame mais sensível para esse fim. Há sólidos estudos mostrando que programas de rastreio de câncer de pulmão aumentam a detecção da doença em estágios mais iniciais, tendo significativo impacto na redução da mortalidade pelo câncer de pulmão.
Diagnóstico precoce
De modo geral, quanto mais localizado o câncer de pulmão (nódulo de pequenas dimensões e restrito ao pulmão) maiores as chances de cura. Uma vez detectado um nódulo suspeito para câncer do pulmão, o paciente deve consultar um especialista (pneumologista, cirurgião torácico ou oncologista clínico) para avaliar a indicação de outros exames para confirmar ou excluir o diagnóstico, e avaliar a extensão da doença. Nas lesões suspeitas e muito pequenas, o paciente pode ser considerado para ressecção cirúrgica, sem biópsias prévias, enquanto nas lesões maiores geralmente se indica biópsia para decidir sobre estratégias de tratamento, principalmente pela possibilidade de realização de testes genéticos moleculares nessas amostras. As biópsias, quando indicadas, podem ser feitas por agulha guiada por tomografia ou ainda por endoscopia respiratória (lesões nos brônquios), a chamada broncoscopia.
Tipos de câncer de pulmão
Os tumores malignos do pulmão são divididos em dois grandes grupos. Os carcinomas de células não pequenas (85% dos casos) e os de pequenas células (15% dos casos). Os carcinomas de células não-pequenas incluem dois subtipos principais, os adenocarcinomas e o carcinoma escamocelular (ou espinocelular). Os carcinomas de pequenas células ocorrem quase que somente em tabagistas, e majoritariamente são tratados com a combinação de tratamento sistêmico com quimioterapia e radioterapia, sendo muito excepcional a indicação de cirurgias para esses casos.
Tratamentos disponíveis
No câncer de não-pequenas células inicial estão indicados tratamentos locais como estratégia principal, seja por ressecção pulmonar (lobectomia ou segmentectomia pulmonar) ou radioterapia. A cirurgia possui a vantagem de retirar os segmentos pulmonares onde está o câncer e avaliar melhor os linfonodos que são removidos juntamente com o tumor durante o procedimento. Hoje em dia, mais de 90% das cirurgias para tratamento do câncer de pulmão são feitas de modo minimamente invasivo, principalmente por meio da cirurgia robótica. Se o paciente não possui condições clínicas para uma cirurgia ou não deseja ser operado, podemos indicar o tratamento com a radioterapia estereotáxica (radiocirurgia), uma modalidade de radioterapia de alta precisão que leva uma alta dose de radiação diretamente para o tumor minimizando o alcance dos tecidos sadios ao redor do câncer. Resumindo, nos tumores menores e restritos ao pulmão, cirurgia ou radioterapia podem oferecer ótimas chances de cura.
Por outro lado, tumores maiores aumentam as chances de acometimento dos linfonodos pelas células do câncer e de metástases fora do tórax. Uma característica importante desse câncer é que os pulmões são ricamente vascularizados e cheios de vasos linfáticos, assim as células cancerígenas do pulmão conseguem espalhar metástases para qualquer área do corpo, possuindo uma predileção pelo sistema nervoso central (cérebro), pulmão do outro lado, glândulas supra renais, fígado e ossos. Quando estamos diante de um paciente com doença mais avançada (linfonodos acometidos ou doença disseminada) é primordial que uma equipe multidisciplinar seja envolvida no cuidado do paciente. Esse tipo de cuidado deve se iniciar antes de qualquer tratamento, pois a abordagem terapêutica pode variar bastante conforme o tipo de tumor, a extensão da doença, as alterações moleculares e condições clínicas do paciente.
Nos tumores grandes ou que possuem comprometimento dos linfonodos dentro do tórax, existe uma chance significativa de haver células neoplásicas circulando no sangue. A cirurgia trataria a fonte das células, mas não conseguiria alcançar as células que já estão na corrente sanguínea. Portanto, essa situação é melhor tratada com a combinação de cirurgia e tratamento chamado sistêmico (quimioterapia, imunoterapia ou terapia alvo). Há situações em que é melhor começar o tratamento por cirurgia e depois complementar com medicamentos, enquanto em outros casos é melhor iniciar o tratamento pela parte medicamentosa e depois partir para cirurgia.
Há ainda os tumores irressecáveis (em que a cirurgia não conseguiria retirar o câncer) onde o tratamento costuma se basear em quimioterapia e radioterapia, seguido ou não de uma complementação que pode ser com imunoterapia ou terapia alvo. De novo, essas estratégias dependem da avaliação molecular das células do tumor, definidas antes do início do tratamento. Deve-se ter em mente, que esses tratamentos também visam a cura do paciente e desaparecimento completo do tumor.
Quando a doença se apresenta com metástases distantes do pulmão (isso inclui a pleura), o tratamento é feito com medicamentos ou combinação deles, guiados mais uma vez pelos testes moleculares. Apesar de mais difícil na doença espalhada, a cura pode ser alcançada em todos os estágios da doença. Para tanto, um time de vários especialistas deve estar envolvido no tratamento dos pacientes com câncer de pulmão em todos os estágios da doença.
O Hospital Sírio-Libanês possui um time multidisciplinar experiente com destaque científico nacional e internacional para tratamento de pacientes com câncer de pulmão em qualquer estágio da doença, contando com tecnologia moderna e precisa nas áreas de diagnóstico, patologia geral e molecular, estadiamento e tratamento, seja ele cirúrgico, radioterápico ou medicamentoso (drogas oncológicas: quimioterapia, terapia alvo e imunoterapia).