Transplante de Medula óssea: o que é, quando fazer e como é realizado

Escrito por: Dra. Aliana Ferreira, Hematologista do Centro de Oncologia, CRM-SP: 158591

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Estar presente, oferecer apoio emocional e prático, e respeitar os limites do paciente são fundamentais para garantir que ele enfrente o transplante de medula óssea com mais força e confiança. Imagem: Freepik

O transplante de medula óssea (TMO), ou transplante de células-tronco hematopoéticas, é uma modalidade terapêutica importante para várias doenças, principalmente aquelas que afetam o sangue e o sistema imunológico.

Com os avanços da medicina, o transplante tem se tornado cada vez mais seguro e eficaz, aumentando o número de pacientes que podem se beneficiar deste tratamento. Para entender melhor como tudo isso funciona, vale conhecer o que é a medula óssea, suas funções e como acontece o processo do transplante. Existem diferentes tipos de TMO e cada um é indicado para uma situação específica. Além disso, hospitais especializados têm um papel fundamental nesse tipo de tratamento.

Neste artigo, a ideia é explicar de forma simples e clara o que é o transplante de medula óssea, quando ele é indicado e como ele pode ser decisivo para alguns pacientes.

O que é a Medula Óssea e sua Função

A medula óssea é um tecido mole e esponjoso localizado no interior dos ossos, especialmente nos ossos do quadril, costelas e esterno. Na medula óssea encontramos as células-tronco hematopoiéticas – estas, após um processo de maturação e diferenciação, dão origem às células do sangue.

Entre elas estão os glóbulos vermelhos, que transportam oxigênio; os glóbulos brancos, que ajudam a combater infecções; e as plaquetas, que atuam na coagulação do sangue. Juntas, essas células mantêm o bom funcionamento do organismo.

Em algumas doenças hematológicas como as leucemias, mielodisplasias, mieloma múltiplo, anemia aplásica, entre outras, ocorre um dano às células-tronco da medula óssea, de modo que as células do sangue passem a ser doentes e não funcionem adequadamente.

Nessas situações, tratamentos como o transplante de medula óssea podem ser indicados para restaurar a saúde do paciente.

O que é o Transplante de Medula Óssea

O transplante de medula óssea (ou mais corretamente falando, transplante de células tronco hematopoiéticas), consiste em um procedimento terapêutico visando a substituição de células tronco doentes por células-tronco hematopoiéticas saudáveis. Existem dois tipos principais de TMO:

Transplante Alogênico
As células-tronco hematopoiéticas utilizadas para o transplante são provenientes de um doador, em geral um irmão com alto grau de compatibilidade genética.

Quando não há um irmão geneticamente semelhante, o paciente é cadastrado em registros de doadores voluntários de medula óssea (REDOME), com o objetivo de encontrar um doador não-aparentado compatível. Na ausência deste, doadores alternativos, como pais, filhos e irmãos com 50% de compatibilidade podem ser utilizados. Sangue de cordão umbilical também é uma opção em alguns casos.

O transplante alogênico é indicado principalmente para o tratamento de leucemias, anemia aplásica, síndromes mielodisplásicas e imunodeficiências.

O paciente passa por um processo de condicionamento baseado em quimioterapia com ou sem radioterapia, com o objetivo de destruir as células tronco doentes e criar um ambiente propício para que as células tronco “novas” que serão infundidas não sejam rejeitadas. Após a infusão do enxerto, o paciente recebe medicações imunossupressoras por um tempo prolongado visando o bom funcionamento da nova medula óssea.

Transplante Autólogo
As células-tronco hematopoiéticas utilizadas são provenientes do próprio paciente. Em algumas doenças hematológicas, o tratamento consiste em quimioterapia em doses bastante altas e/ou radioterapia em altas doses, que podem danificar as células-tronco hematopoiéticas do paciente.

Assim, antes de estas modalidades terapêuticas serem empregadas, as células-tronco hematopoiéticas são removidas e poupadas desta toxicidade.

Após o término da quimioterapia e/ou radioterapia, estas células-tronco são “devolvidas” ao paciente, de modo a restaurar a função da medula óssea e a capacidade de produzir as células do sangue. Este processo também é chamado de “autotransplante” ou “quimioterapia em altas doses seguido de resgate de células-tronco hematopoiéticas autólogas”.

O transplante autólogo de células-tronco hematopoiéticas é indicado principalmente para o tratamento de linfomas e mieloma múltiplo.

A importância de um Centro Especializado no Transplante de Medula Óssea

O transplante de medula óssea é um procedimento altamente complexo, que exige cuidados rigorosos antes, durante e após sua realização. Por isso, é fundamental que ele seja realizado em um centro especializado, com infraestrutura hospitalar e ambulatorial avançada, capaz de oferecer suporte integral ao paciente.

Centros de referência contam com equipes multidisciplinares experientes, compostas por hematologistas, infectologistas, enfermeiros, farmacêuticos, psicólogos e outros profissionais capacitados para lidar com os desafios clínicos e emocionais do tratamento.

Além disso, é indispensável o apoio de serviços de hemoterapia qualificados, que garantam o controle rigoroso da compatibilidade e segurança das transfusões. A experiência acumulada por esses centros na condução de casos complexos aumenta significativamente as chances de sucesso do transplante, reduz complicações e melhora o prognóstico do paciente. Escolher um centro com essa expertise é uma das decisões mais importantes no enfrentamento de doenças hematológicas graves.

Como Apoiar Alguém que Passa por um Transplante de Medula Óssea

Apoiar alguém que passa por um transplante de medula óssea exige sensibilidade, empatia e compreensão. No aspecto emocional, é importante oferecer escuta ativa e ser uma fonte de conforto, já que o paciente pode se sentir ansioso, frustrado ou até deprimido com as incertezas do tratamento.

Manter uma comunicação aberta é essencial para que o paciente se sinta acompanhado. É fundamental também respeitar os limites do paciente, que pode precisar de repouso e de cuidados especiais durante o processo de recuperação. Além disso, incentivar a adesão ao plano de tratamento, como o uso de medicamentos e comparecimento a consultas, é uma forma de apoio ativo.

Também, o apoio psicológico pode ser um grande aliado, tanto para o paciente quanto para os familiares, para lidar com as emoções geradas por esse momento delicado. Estar presente, mas também dar espaço quando necessário, é uma maneira equilibrada de demonstrar apoio.

O Papel do Hospital Sírio-Libanês

O Centro de Oncologia do Hospital Sírio-Libanês destaca-se como referência nacional no tratamento do câncer, oferecendo uma abordagem integrada e humanizada. Com unidades em São Paulo e Brasília, o centro reúne especialistas em:

● Oncologia Clínica;
● Hematologia;
● Transplante de Medula Óssea;
● Radioterapia;
● Genética Médica.

Além de uma equipe multiprofissional composta por profissionais de Enfermagem, Farmácia, Nutrição, Psicologia, Serviço Social, Reabilitação, Fonoaudiologia, Estética, Física Médica, Biomedicina e Medicina Bucal.

A infraestrutura avançada e a incorporação de tecnologias de ponta permitem a realização de procedimentos complexos, como o transplante de medula óssea, com altos padrões de segurança e eficácia. O centro também é habilitado para oferecer terapias inovadoras, como a terapia Car-T Cell, que utiliza as próprias células de defesa do paciente para combater doenças hematológicas.

Além do tratamento clínico, o Hospital Sírio-Libanês investe em pesquisa e educação, contribuindo para o desenvolvimento de novas terapias e a formação de profissionais altamente qualificados.

O compromisso com a excelência e o cuidado centrado no paciente fazem do Centro de Oncologia do Hospital Sírio-Libanês uma escolha confiável para quem busca tratamento oncológico de qualidade.