O que é um melanoma cutâneo?

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A pele é formada por vários tipos de células, cada uma com sua função específica. Um dessas células é o melanócito, que é responsável pela pigmentação da pele. Essas células podem formar lesões benignas, conhecidas como nevos, que são pintas de tom marrom frequentes nos seres humanos. Mais raramente, os melanócitos podem formar lesões malignas, conhecidas como melanomas. O melanoma pode ser difícil de ser distinguido dos nevos, sendo, às vezes, diferenciado apenas com a biópsia e exame anatomopatológico.

O melanoma é um dos tumores de pele mais graves, com potencial de gerar metástases, situação em as células se espalham pela corrente linfática e sanguínea, atingindo locais distantes, podendo comprometer gânglios e órgãos diversos. A maior parte dos melanomas já nasce como melanoma, mas também podem ser provenientes de um nevo pré-existente. Algumas condições podem sugerir malignidade: aparecimento de uma nova pinta, crescimento rápido, alteração da cor e formato irregular (assimétrico). Nem sempre essas alterações são percebidas precocemente, por isso, é importante procurar um especialista caso alguma lesão pré-existente tenha mudado de aspecto ou simplesmente tenha uma a aparência “estranha”. Através de uma avaliação minuciosa, com equipamentos que permitem ampliar a visualização da lesão e detalhar suas características, como a dermatoscopia e a microscopia confocal, é possível avançar no diagnóstico. Quando há suspeita de melanoma, a biópsia deve ser realizada, seguindo cuidados técnicos, para se chegar a um diagnóstico definitivo.

O melanoma ocorre mais frequentemente em áreas de exposição solar, mas também pode aparecer nas unhas (melanoma ungueal), na palma das mãos e sola dos pés (melanoma acral), e mesmo em outras áreas sem exposição solar. Além de acometer a pele (melanoma cutâneo), mais raramente o melanoma pode se originar nas mucosas (melanoma de mucosa – anal, vaginal) e nos olhos (melanoma ocular).

São considerados fatores de risco para o desenvolvimento do melanoma cutâneo: pele e olhos claros; história pregressa de exposição solar intensa; queimaduras solares; presença de múltiplos nevos; presença de nevo atípico (com células alteradas); história familiar de melanoma e história pessoal de outros tipos de câncer de pele.

Há diferentes subtipos de melanoma, cada qual com características específicas. Os tipos mais frequentes são:

  1. Melanoma extensivo superficial: corresponde a 70% dos casos; nos homens, são mais comuns no dorso e nas mulheres, nos membros;
  2. Melanoma nodular: representa de 15 a 25% dos casos; geralmente são diagnosticados em estágios avançados;
  3. Lentigo maligno melanoma: acomete pessoas de mais idade, principalmente em áreas com foto dano;
  4. Melanoma acral: corresponde a 5% dos casos; acomete principalmente das palmas das mãos, plantas dos pés e sob as unhas;
  5. Melanoma desmoplásico: é uma forma rara; as lesões crescem formando placas e nódulos não pigmentados e são de difícil diagnóstico. Acomete pessoas de mais idade, mais frequente em áreas foto expostas, como o couro cabeludo.

Exemplos de tipos de melanomas

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Figura 1. Exemplos clínicos de tipos de melanomas: A – Extensivo superficial; B – Nodular; C – Sub-ungueal; D – Acral (polegar mão E); E – Acral (planta do pé)

Após a confirmação do diagnóstico através da biópsia seguida de exame patológico, um detalhamento fornecido pelo patologista sobre as características microscópicas da lesão permite o planejamento terapêutico. Além dos aspectos clínicos do paciente e da lesão (localização, tamanho), uma das características mais importantes definidas no exame de microscopia é conhecida como índice de Breslow e corresponde à medida de invasão da pele em milímetros pelo melanoma. Outras características também devem ser fornecidas pelo patologista, como o nível de invasão das camadas da pele (nível de Clark), contagem de mitoses (divisões celulares) e presença de ulceração vista ao microscópio, entre outras. Ou seja, é muito importante que o patologista se atenha a todos os detalhes de forma padronizada, fornecendo todas as informações que devem constar no laudo de patologia do melanoma, para que a conduta seja estabelecida mediante análise de todas as informações.

Confirmado o diagnóstico e estabelecidas as características microscópicas da lesão, pode ser necessária a realização de exames complementares, antes de programar a cirurgia. Como o melanoma é um tipo de tumor como potencial de gerar metástases, a depender das características clínicas e microscópicas da lesão, outros órgãos devem ser avaliados com exames antes da conduta definitiva, pois o achado adicional de alguma metástase pode mudar a decisão. Esse processo de avaliação da extensão da doença mediante realização de exame físico completo e exames complementares é conhecido como estadiamento.

Uma vez indicado o tratamento cirúrgico, a operação consiste na retirada do tumor com margens de segurança. Existem padronizações que devem ser seguidas para o cálculo das margens, havendo uma relação entre o índice de Breslow e a margem necessária para garantir um controle local adequado. As características microscópicas da lesão influenciam também a decisão sobre fazer ou não a chamada pesquisa de linfonodo sentinela. Essa é uma técnica utilizada para identificar o primeiro gânglio (linfonodo) que poderia receber células da região do melanoma. Uma vez identificado, o mesmo é retirado para estudo detalhado de patologia, trazendo informações adicionais sobre a existência ou não de células de melanoma nos gânglios. Essa informação será importante para decisões futuras de tratamento.

Como vimos, existem muitos detalhes importantes para o diagnóstico e tratamento dos melanomas. Por isso, diante da suspeita ou diagnóstico confirmado, não deixe de procurar um centro de referência. A depender da fase de diagnóstico, o tratamento pode ser simples ou exigir uma abordagem multidisciplinar, com a participação de diferentes especialidades.