Estatísticas do Câncer 2020
12/02/2020 · 1 min de leitura
O planejamento das ações de prevenção primária do câncer, seu diagnóstico precoce e rastreamento, além das prioridades de tratamento, é guiado por dados de incidência e mortalidade por esta doença. Foram publicados recentemente os dados de estimativa do número de casos novos e de mortes por câncer nos EUA para o ano de 2020 pela American Cancer Society no artigo de autoria de Siegel et al. em CA: A Cancer Journal for Clinicians (disponível em https://doi.org/10.3322/caac.21590).
Estima-se 1.806.590 casos novos de câncer em 2020 nos EUA. Entre os homens, câncer de próstata (191.930), pulmão (116.300) e colorretais (78.300) representam quase a metade destes casos, sendo que cerca de um em cada cinco diagnósticos de câncer em homens é de câncer de próstata. Já entre as mulheres, mama (276.480), pulmão (112.520) e colorretais (69.650) são os mais comuns, sendo o câncer de mama em cerca de 30% dos casos de câncer entre as mulheres.
São estimadas 606.520 mortes por câncer nos EUA em 2020. Câncer de pulmão (135.720 mortes estimadas para 2020) continua sendo o líder em termos de causa de morte por câncer tanto em homens como em mulheres. Câncer de próstata (33.330) e colorretal (28.630) como causas de morte por câncer em homens, e câncer de mama (42.170) e colorretal (24.570) em mulheres aparecem no segundo e terceiro lugar, respectivamente.
Entre os homens, no período de 1975 até 2016, observou-se queda na incidência (por 100.000 habitantes) de câncer de próstata, reflexo da diminuição do rastreamento de câncer de próstata através da dosagem do PSA (antígeno prostático específico) no sangue nos EUA. Já nas mulheres, nota-se discreto aumento (0,3% ao ano) na incidência de câncer de mama, sendo obesidade e menor número de filhos como possíveis explicações. Importante é a diminuição da incidência de câncer de pulmão em ambos os sexos, como consequência das iniciativas de combate ao tabagismo.
A boa notícia neste artigo é a diminuição da taxa relativa de mortes por câncer na população dos EUA a partir de 1991, quando alcançou um pico de 215 mortes/100.000 habitantes. Em 2017, observou-se 152 mortes/100.000 habitantes, correspondendo a 29% de queda, ou cerca de 2.900.000 menos mortes por câncer. Este número representa diminuição da mortalidade por câncer de pulmão, mama, próstata e colorretal, entre outros. Para o câncer de pulmão, entre 2013 e 2017, houve uma queda absoluta de 5% nos homens e 2% nas mulheres na mortalidade por câncer de pulmão. Esta é, como mencionado anteriormente, uma vitória das campanhas anti-tabagismo. O diagnóstico precoce (prevenção secundária por rastreamento) em câncer de mama e câncer colorretal também neste resultado, assim como menos mortes por melanoma, aqui como efeito de tratamentos mais eficazes da doença metastática.
Destacamos o resultado da prevenção primária (com destaque para o combate ao tabagismo) como método eficaz, barato e amplamente disponível na diminuição da mortalidade por câncer em geral. Além de insistir em políticas anti-tabágicas, incluindo o combate ao cigarro eletrônico, precisamos aumentar a cobertura vacinal anti-HPV, orientar a prática de sexo seguro e diminuir a exposição a outros fatores de risco conhecidos, como obesidade e exposição solar.