Carcinoma Espinocelular: O que é isso?

Os 3 tipos mais comuns de câncer de pele são: carcinoma basocelular (CBC), carcinoma espinocelular (CEC) e melanoma (MM). São tumores distintos e não se transformam de um para outro. O carcinoma espinocelular representa 15% de todos os cânceres de pele, sendo o segundo mais comum, superado pelo carcinoma basocelular.

A camada mais superior da pele é denominada epiderme. É nela que a maioria dos cânceres de pele se desenvolvem, incluindo o carcinoma espinocelular. Sinais como aspereza, escamas, endurecimento e verrucosidade são características que mostram que as células da camada espinhosa da pele começaram a crescer sem controle, formando um câncer. Outros sinais importantes de transformação maligna são: áreas sangramento, feridas com bordas elevadas, superfície com crostas e persistência de uma ferida não cicatriza.

O fator de risco mais comum associado ao desenvolvimento do carcinoma espinocelular é a exposição excessiva à radiação ultravioleta da luz solar. Por essa razão, pessoas que trabalham, praticam atividades físicas ou passam muito tempo expostas ao sol, têm maior risco de desenvolver câncer de pele. É por essa razão que a maior parte dos tumores surge nas áreas de maior exposição solar, como face, pescoço, orelhas e lábios. Outro fator de risco que deve ser considerado é a imunossupressão, seja como consequência de doenças ou do uso de imunossupressores.

Para entender por que isso ocorre, é importante conhecer os efeitos da radiação ultravioleta. Existem 2 tipos de radiação ultravioleta, UVA e UVB. A radiação UVA é a radiação principal do bronzeamento, capaz ultrapassar nuvens e proteções de vidro, e causar danos à pele, favorecendo a ocorrência de câncer, mas é a radiação UVB a responsável pela maioria dos cânceres de pele, incluindo o carcinoma espinocelular, sendo o risco particularmente maior se o indivíduo já teve queimaduras solares e bolhas.

O carcinoma espinocelular pode começar como uma lesão pré-cancerosa, chamada queratose actínica ou queratose solar. São lesões causadas pela exposição solar que aparecem inicialmente como marcas planas ou pontos róseos e ásperos na pele. A maioria não se transforma em câncer e pode até desaparecer. A queratose actínica pré-cancerosa que se transforma no carcinoma espinocelular aparece como uma lesão sobrelevada e endurecida ao toque e deve merecer uma avaliação dermatológica.

Pessoas com cabelos claros ou ruivos e olhos claros são mais suscetíveis a desenvolver o carcinoma espinocelular porque possuem menor quantidade de melanina, o pigmento da pele que promove a proteção natural. Pessoas que possuem pele escura, apesar de terem mais melanina e um certo nível de defesa, também podem desenvolver câncer de pele, porém com menor frequência. A Classificação de Fitzpatrick, criada em 1976 pelo médico norte-americano Thomas B. Fitzpatrick, é utilizada para determinar os fototipos de pele e guarda correlação com o risco de câncer:

  1. Pele branca – sempre queima – nunca bronzeia – muito sensível ao sol;
  2. Pele branca – sempre queima – bronzeia muito pouco – sensível ao sol;
  3. Pele morena clara – queima (moderadamente)– bronzeia (moderadamente) – sensibilidade normal ao sol;
  4. Pele morena moderada – queima (pouco) – sempre bronzeia – sensibilidade normal ao sol;
  5. Pele morena escura – queima (raramente) – sempre bronzeia – pouco sensível ao sol;
  6. Pele negra – nunca queima – totalmente pigmentada – insensível ao sol.

Além do fototipo de pele, são considerados fatores de risco para o desenvolvimento do carcinoma espinocelular:

  1. Diagnóstico prévio de outros tipos de câncer de pele
  2. História familiar de câncer de pele
  3. Idade avançada (possibilidade de ter sido exposto por maior tempo à radiação solar)
  4. Presença de nevo congênito (pintas presentes ao nascimento)
  5. Presença de nevos displásicos (pintas com células atípicas, alteradas)
  6. Exposição solar recorrente
  7. Exposição a alguns compostos industriais: coal tar, arsênico
  8. Imunossupressão (sistema imunológico debilitado)
  9. Infecção por HPV (papiloma vírus humano)
  10. Hábito de tabagismo
  11. Diagnóstico prévio de leucoplasia (manchas ou lesões espessas e brancas) ou doença de Bowen (forma inicial do carcinoma espinocelular sem invasão de camadas profundas da pele)

O melhor jeito de se prevenir contra o carcinoma espinocelular é protegendo sua pele da radiação solar de forma adequada. Veja algumas orientações importantes:

  1. Aplicar protetor solar de amplo espectro diariamente em áreas expostas, com fator de proteção solar 50 (no mínimo);
  2. Reaplicar o protetor solar a cada 2 horas se estiver transpirando ou nadando;
  3. Usar chapéus, óculos escuros e roupas com proteção solar quando estiver exposto;
  4. Buscar a sombra nos horários em que o sol pode causar maiores danos – no Brasil, entre 10h e 16h.

Mediante diagnóstico precoce de carcinoma espinocelular, as modalidades mais comuns de tratamento são as cirurgias feitas com princípios oncológicos (margens adequadas, controle de margens, cirurgia de Mohs) e radioterapia. Em fases de doença avançada, a associação de tratamentos pode ser necessária para alcançar altas taxas de cura, incluindo tratamentos sistêmicos como quimioterapia, imunoterapia e terapia-alvo, a depender de cada caso.

O melhor caminho é sempre a prevenção, porém, diante de qualquer lesão de pele suspeita, não deixe de consultar um especialista. Com as terapias modernas, a maioria dos tumores de pele é tratada com sucesso e quanto mais cedo for o diagnóstico, mais fácil será o tratamento.