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Dieta sem carne e outros derivados de animal pode provocar deficiência de vitamina B12
Dr. Eduardo Mutarelli
15/12/2016 · 1 min de leitura
A quantidade de pessoas que não comem carne no Brasil vem crescendo, informam instituições que atuam na área, como a Sociedade Vegetariana Brasileira. Segundo uma pesquisa do Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (Ibope), divulgada em 2012, a última de abrangência nacional, aproximadamente 8% dos brasileiros se declaravam vegetarianos, ou seja, excluíam qualquer tipo de carne nas refeições, sejam vermelhas, sejam brancas (até peixe).
Alimentos com vitamina B12
A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda uma quantidade de consumo diário médio de 2,4 microgramas (mcg) de vitamina B12 para os adultos. Alguns dos principais alimentos que contêm essa vitamina são:
- Bife de fígado (100 gramas) = 112 mcg de B12.
- Marisco (100 gramas) = 99 mcg de B12.
- Ostra (100 gramas) = 27 mcg de B12.
- Coração de boi (100 gramas) = 14 mcg de B12.
- Salmão (100 gramas) = 2,8 mcg de B12.
- Queijo fresco (100 gramas) = 1,8 mcg de B12.
- Ovo (100 gramas) = 1,1 mcg de B12.
- Queijo mozarela (100 gramas) = 0,9 mcg de B12.
- Leite (110 gramas) = 0,6 mcg de B12.
- Frango (100 gramas) = 0,3 mcg de B12.
A exclusão da carne e de outros derivados dos animais, como queijos, leites e ovos (dieta conhecida como vegana) pode ser uma das causas de falta de vitamina B12 no organismo. Essa vitamina é reconhecidamente essencial para a síntese de glóbulos vermelhos e para a formação e a manutenção das células do sistema nervoso.
Sem vitamina B12, a bainha de mielina dos neurônios — um tipo de isolante elétrico que permite a condução mais rápida dos impulsos de nosso corpo — começa a se desgastar, explica o dr. Eduardo Mutarelli, neurologista no Hospital Sírio-Libanês. “Isso significa que se não fizermos a reposição dessa vitamina, diversos problemas hematológicos, neurológicos, psiquiátricos e outros podem começar a surgir”, comenta o médico.
Alguns dos principais sintomas relacionados à falta de vitamina B12 são: anemia, estomatite (inflamação na mucosa da boca), incoordenação motora, perda da sensibilidade corporal, irritabilidade, falhas na memória, lentidão de raciocínio, depressão e até demência, nos casos mais avançados.
Segundo o dr. Mutarelli, nosso organismo é capaz de armazenar vitamina B12 por cerca de cinco anos. Ou seja, aqueles que não comem carne e derivados por um tempo superior a esse período podem começar a desenvolver os problemas citados.
Outros fatores de risco para a diminuição de vitamina B12 no organismo são:
- Usar frequentemente medicamentos que reduzem a concentração de ácido no suco gástrico, como omeprazol e ranitidina.
- Realizar cirurgia no estômago, seja bariátrica para tratamento da obesidade, seja para a remoção de tumores (câncer no estômago).
- Ter anemia perniciosa — doença autoimune que dificulta a absorção da vitamina e provoca a diminuição dos globos vermelhos no sangue.
- Realizar cirurgia com anestésico inalatório à base de óxido nitroso.
- Usar metformina no tratamento contra o diabetes.
Todos esses fatores podem provocar algum tipo de má absorção da vitamina B12 no organismo, podendo levar ao déficit desse nutriente, mas não necessariamente as pessoas nessas condições irão apresentar a doença, explica o dr. Mutarelli. “Todo mundo, mas principalmente as pessoas nessas condições (citadas acima), devem ficar atentas aos problemas relacionados à falta da vitamina B12 e procurar ajuda médica assim que notá-los”, avalia.
Nos Estados Unidos, onde existem pesquisas sobre o nível de vitamina B12 na população em geral, estima-se que 3,2% dos adultos com mais de 50 anos de idade tenham uma concentração muito baixa desse nutriente, e até 20% podem ter uma deficiência limítrofe, quando também é indicada a reposição para evitar danos no sistema nervoso.
Como diagnosticar e tratar o déficit de vitamina B12?
O déficit de vitamina B12 geralmente é suspeitado e diagnosticado por médicos a partir de avaliações clínicas e exames de sangue que indicam o baixo nível desse nutriente no organismo, assim como o aumento de ácido metilmalônico e homocisteína. Quando essas duas últimas substâncias se encontram com valores aumentados mesmo com níveis normais de vitamina B12, é sinal de que o organismo daquela pessoa necessita de mais vitamina B12. Esse diagnóstico também pode ser em pessoas com sintomas neurológicos feito pela análise de imagens obtidas por ressonância magnética, observando-se alterações na medula cervical.
O tratamento da falta de vitamina B12 consiste na reposição desse nutriente, que na maioria das vezes se faz por injeções intramusculares. Em alguns casos, principalmente quando o déficit é pequeno, podem ser receitados comprimidos orais. “No tratamento injetável garantimos uma reposição mais rápida, enquanto que no oral a reposição é mais lenta, pois a absorção pelo organismo pode estar comprometida”, compara o dr. Mutarelli.
O tempo de tratamento vai depender do grau de déficit de vitamina B12 de cada paciente. Geralmente, no primeiro mês se faz toda a reposição dessa vitamina, e nos meses seguintes ocorrem as aplicações de manutenção.
O Hospital Sírio-Libanês conta com neurologistas especializados no diagnóstico e no tratamento de déficit de vitamina B12, independentemente de qual seja o motivo. O Centro de Diagnósticos do hospital oferece todos os exames necessários para a confirmação desse problema e o Núcleo de Obesidade e Transtornos Alimentares está preparado para auxiliar aqueles que passaram por cirurgia bariátrica e podem desenvolver carência dessa vitamina.