Nova técnica reduz tempo de cirurgia para tratamento do Parkinson

Uma técnica criada por pesquisadores ligados ao Hospital Sírio-Libanês vem sendo utilizada para tratar a doença de Parkinson e possibilita reduzir em cerca de 30% a duração das cirurgias contra essa doença. A estimulação cerebral profunda (ou DBS, na sigla em inglês — deep brain stimulation) já é realizada no Brasil há alguns anos, mas vinha sendo realizada em um lado do cérebro de cada vez, o que a tornava muito prolongada. Com a nova técnica, tornou-se possível operar os dois lados ao mesmo tempo, reduzindo-se assim a duração da cirurgia de aproximadamente 5 horas para 3,5 horas.

Além de reduzir a duração do procedimento, a nova técnica diminui o risco de imprecisões, explica os drs. Manoel Jacobsen e Erich T. Fonoff, neurocirurgiões no Hospital Sírio-Libanês. “Isso porque o cérebro, ao ser operado, movimenta-se. Durante a cirurgia realizada em dois tempos, ao se realizar o procedimento no segundo lado, há habitualmente maior dificuldade para se atingir o tecido-alvo devido à possível movimentação do cérebro após a intervenção executada do primeiro lado”, comenta.

Durante a cirurgia, implantam-se geralmente dois eletródios para enviar estímulos elétricos para uma determinada região do cérebro. Os eletródios são conectados a um marca-passo que é implantado sob a pele próximo à clavícula. Os estímulos então aliviam os sintomas da doença.

O local em que os eletródios são implantados é definido com a ajuda de um software que integra as imagens da ressonância magnética aos dados obtidos nos estudos eletrofisiológicos (exame que registra a atividade cerebral do paciente) e de atlas tridimensionais do cérebro. De acordo com a análise combinada dessas informações, o software aponta com exatidão a área a ser estimulada.

O paciente é mantido acordado durante a cirurgia, o que possibilita que o médico verifique se os estímulos elétricos estão proporcionando o efeito esperado durante o procedimento. “A cirurgia tem por objetivo modificar as anormalidades dos movimentos no sentido de torná-los mais próximos do normal”, afirma o dr. Jacobsen.

Esse novo tipo de cirurgia bilateral foi desenvolvido pelos neurocirurgiões dr. Erich T. Fonoff e dr. Manoel Jacobsen Teixeira, ambos do Instituto de Ensino e Pesquisa do Hospital Sírio-Libanês, em parceria com o Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.

Apesar do progresso ocorrido ultimamente, o tratamento-padrão indicado para a doença de Parkinson ainda tem base no uso de medicamentos, fonoaudiologia, fisioterapia e psicoterapia.

O procedimento cirúrgico é indicado a pacientes que não usufruem bons resultados ou apresentam efeitos adversos com o tratamento convencional, ou que melhoram inicialmente com as terapias antiparkinsonianas, mas com o passar do tempo sofrem perda da eficácia.

Em geral, não se indica a cirurgia para pacientes diagnosticados há menos de cinco anos com o problema. Tal procedimento também não é recomendado para pacientes com degeneração cerebral adiantada, com infecções no crânio ou na região cervical ou com problemas de coagulação ou hipertensão não controlados.

O Hospital Sírio-Libanês conta com um Núcleo de Neurologia preparado para ajudar pacientes e familiares a entender a doença de Parkinson e as opções de tratamento. Cada paciente é avaliado individualmente quanto às suas necessidades e uma equipe multidisciplinar apresenta a ele a melhor terapia a ser adotada.

A unidade oferece exames modernos, como a PET/CT (tomografia por emissão de pósitrons/tomografia computadorizada), específica para a doença de Parkinson. Para os casos cirúrgicos, o Hospital conta com equipamentos modernos e técnicas avançadas que permitem a visibilidade precisa dos locais que serão acessados durante a cirurgia de estimulação cerebral.

Veja no infográfico abaixo como é realizada a cirurgia.

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