Vacina contra a dengue, já disponível, deve ser tomada em três doses para garantir a imunização

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Transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, a dengue é uma doença viral que se espalha rapidamente pelo mundo. Nos últimos 50 anos, a incidência aumentou 30 vezes. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que 50 milhões de infecções por dengue ocorram anualmente e que aproximadamente 2,5 bilhões de pessoas morem em países onde a doença é endêmica. No Brasil, nos primeiros três meses de 2017, segundo dados do Ministério da Saúde, foram registrados mais de 113 mil casos suspeitos da doença.

Incidência de casos de dengue por região do Brasil (1º trimestre de 2017)

  • Sudeste: 37.281 casos (32,9%).
  • Nordeste: 31.142 casos (27,5%).
  • Centro-Oeste: 25.065 casos (22%).
  • Norte: 15.823 casos (14%).
  • Sul: 4.070 casos (3,6%).

Fonte: Ministério da Saúde.

Os principais sintomas da dengue são:

  • Febre alta com início súbito.
  • Forte dor de cabeça.
  • Dor atrás dos olhos, que piora com o movimento deles.
  • Perda do paladar e do apetite.
  • Manchas e erupções na pele semelhantes àquelas do sarampo, principalmente no tórax e nos membros superiores.
  • Náuseas e vômitos.
  • Tonturas.
  • Cansaço extremo.
  • Moleza e dor no corpo.
  • Dores nos ossos e articulações.

Vacina contra a dengue

Desde agosto de 2016, está disponível, apenas em clínicas particulares, a vacina contra a dengue, que protege contra os quatro sorotipos da doença: 1, 2, 3 e 4. Trata-se de uma vacina de vírus vivo atenuado (ele permanece vivo, mas sem capacidade de produzir a doença) indicada para pessoas dos 9 aos 45 anos de idade, administrada por via subcutânea.”

Os limites de idade foram determinados com base, principalmente, nas informações de segurança da vacina, obtidas durante a realização dos estudos clínicos. Para crianças com menos de nove anos, o risco de complicações mais sérias ainda não foi determinado; para aqueles com mais de 45 anos de idade, não há dados suficientes para garantir a segurança da vacina.

“Portanto, para pessoas com menos de 9 anos ou mais de 45 anos, a vacina só é indicada em casos especiais, por exemplo, necessidade de viagem para uma região onde estão sendo registrados muitos casos da doença”, explica a dra. Maria Zilda de Aquino, médica pediatra, infectologista e coordenadora do Centro de Imunizações do Hospital Sírio-Libanês. Nesse caso, a vacina deve ser tomada com antecedência de, no mínimo, seis meses.

Estudos demonstram que a vacina pode reduzir em até 66% os casos de dengue. “Isso é pouco quando falamos no potencial de imunização de uma vacina. O ideal é que esse número ultrapasse os 80%. Porém ela reduz em até 93% os casos graves da doença e em até 83% o número de hospitalizações. Ou seja, a indicação é de que ela deve ser tomada”, afirma a médica. Segundo ela, outra vacina contra a doença está sendo testada e deve oferecer um índice maior de proteção. Porém ainda não há previsão de sua chegada ao mercado.

Como a vacina deve ser tomada

A vacina é administrada em três doses, com intervalo de seis meses entre cada uma delas. “A vacina só oferece imunização a partir da segunda dose. Isso significa que a proteção só será alcançada após um ano. É necessário tomar todas as doses indicadas tanto para diminuir as chances de contrair a doença quanto para evitar que ela se agrave, caso seja contraída”, ressalta a dra. Maria Zilda. Quem já teve a doença também deve ser imunizado. “Não devemos nos esquecer que a doença possui quatro subtipos. Quem já teve um deles tem chances de ser contaminado por um dos outros três”, diz.

Reações adversas

Algumas pessoas podem apresentar algumas reações, porém de pouca gravidade. Em geral, os efeitos adversos mais comuns são dor de cabeça, dor e inchaço no local da aplicação, febre e um leve mal-estar, semelhante ao causado por uma gripe.

“Os sintomas costumam desaparecer em cerca de um ou dois dias. Vale lembrar também que eles são mais comuns de serem observados na primeira dose. As reações tendem a ser menos frequentes nas segunda e terceira doses”, explica a médica.

Contraindicações

A vacina é contraindicada nos seguintes casos:

  • Gestantes.
  • Mulheres que estejam amamentando.
  • Pessoas com imunidade comprometida.
  • Pessoas que estão com dengue.
  • Pessoas que sejam alérgicas aos componentes da vacina.
  • Pessoas com febre.
  • Pessoas que estejam fazendo uso prolongado de corticoides orais ou injetáveis.
  • Pessoas que estejam fazendo uso de outras vacinas vivas com intervalo inferior a 30 dias.

Prevenção

A dra. Maria Zilda ressalta que, mesmo com a vacinação, é necessário manter as medidas de prevenção contra a proliferação do mosquito transmissor da doença.

As principais medidas de combate ao mosquito são:

  1. Não deixe água acumulada. A água da chuva pode se acumular em garrafas, pneus ou qualquer outro reservatório. Depois dos períodos de chuva, verifique se não ficou água parada em algum local.
  2. Faça furos nos pneus velhos. Os furos permitem que a água acumulada escorra, não ficando parada.
  3. Mantenha a caixa d’água fechada. Isso também vale para poços, cisternas e caçambas, que podem acumular água.
  4. Remova folhas e galhos das calhas. Eles impedem que a água escoe.
  5. Evite cultivar plantas aquáticas. A água das plantas aquáticas é limpa e propícia para a reprodução do mosquito.
  6. Mantenha latas e garrafas com a boca para baixo. Isso evita que a água da chuva se acumule e fique parada por muito tempo. O ideal é descartar garrafas, latas e latões ou não deixar esses recipientes expostos.
  7. Use telas protetoras. A tela protetora evita que os mosquitos entrem nas casas, mas não impede que eles se reproduzam. O uso de telas e tecidos nas janelas é uma medida complementar e deve ser associada às outras práticas para evitar a reprodução do Aedes.
  8. Cuide das piscinas. Se elas não estiverem sendo utilizadas, cubra-as com uma lona. Trate a água da piscina com cloro e outros desinfetantes de água.
  9. Preste atenção ao lixo. Vede os sacos de lixo e não os deixe expostos.
  10. Use repelente.

O Centro de Imunizações do Hospital Sírio-Libanês tem como um de seus diferenciais a individualização do cuidado e o atendimento a necessidades específicas dos pacientes. O serviço está preparado para atender pacientes pré- e pós-quimioterapia, em uso contínuo de corticoterapia, pacientes oncológicos, em processo de transplante de medula e órgãos sólidos, em diálise, com doenças crônicas renais, endócrinas, pulmonares, hepáticas e cardíacas.

Uma atenção especial é dada ainda à imunização em adolescentes, adultos, idosos, gestantes, medicina ocupacional e viajantes. Todos esses grupos contam com programas específicos, a cargo de uma equipe multiprofissional especialmente treinada em cada uma dessas áreas.