Pouco conhecida, a trombose pode provocar problemas graves, mas tem prevenção

Você sabe o que é trombose venosa profunda, quais são seus sintomas e consequências? Uma pesquisa realizada em 2010 pelo Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (Ibope) revelou que a maioria dos brasileiros não tem informações suficientes sobre esse tipo de coágulo sanguíneo (trombo) que se forma em uma veia localizada profundamente, em geral nas pernas.

Também conhecida apenas como trombose, a trombose venosa profunda (TVP) tem como complicação mais séria a embolia pulmonar. Muitas vezes, parte do coágulo se solta, seguindo pelas veias e parando em uma artéria do pulmão, ocasionando a embolia e colocando a vida da pessoa em risco. Quando isso ocorre, denomina-se tromboembolismo venoso (TEV).

Segundo a Sociedade Internacional sobre Trombose e Hemostasia, a cada 37 segundos, uma pessoa morre em todo o mundo em consequência do tromboembolismo venoso. A falta de informação e a gravidade do problema fizeram com que esse grupo internacional criasse, em 2014, o Dia Mundial de Conscientização sobre a Trombose, celebrado em 13 de outubro. “A data é muito importante para chamar a atenção da população sobre esse grave problema de saúde pública”, avalia o dr. Cyrillo Cavalheiro Filho, hematologista no Hospital Sírio-Libanês.

O médico explica que a formação de trombos no organismo geralmente ocorre com a diminuição do fluxo venoso, seja por lesões na parede da veia, seja por alterações da coagulação do sangue. Isso é mais comum em pessoas idosas, obesas, tabagistas, gestantes e puérperas, com anormalidades genéticas, que tiveram ou têm câncer, entre outras.

Risco acrescido para trombose

  • Idade igual ou superior a 40 anos
  • Obesidade
  • Caso anterior de trombose
  • Presença de varizes
  • Imobilizações
  • Uso de anticoncepcional
  • Uso de reposição hormonal
  • Uso de anabolizantes
  • Câncer
  • Gestantes e puérperas
  • Sedentarismo
  • Viagens longas de avião (acima de seis horas)
  • Anormalidades genéticas da coagulação
  • Hipertensão
  • Diabetes
  • Tabagismo
  • Transfusão sanguínea

No entanto, mesmo indivíduos que não apresentam nenhum fator considerado de risco podem desenvolver trombose quando sofrem acidentes; passam por cirurgias, internações prolongadas ou anestesia geral; são imobilizados; ou têm doenças cardíacas, respiratórias ou infecções graves.

Aproximadamente 70% dos casos de trombose ocorrem nas pernas, mas o coágulo também pode ocorrer na região ocular, nos ossos, nos órgãos reprodutores, entre outros locais do corpo.

A trombose pode passar despercebida se o trombo for muito pequeno, mas em aproximadamente metade dos casos provoca inchaço, dor e vermelhidão na região que está com a veia obstruída. Quando não tratada corretamente, a trombose também pode causar úlcera, um tipo de ferida aberta com aparência e odores bem desagradáveis.

O Hospital Sírio-Libanês oferece prevenção e tratamento especializado em trombose

AAS não é indicado

Muitas pessoas costumam tomar o ácido acetilsalicílico (AAS) antes das viagens longas como meio de prevenção de coágulos.

No entanto, o dr. Cyrillo Cavalheiro Filho explica que a aspirina não ajuda na prevenção da trombose nesses casos. “O AAS não protege a trombose nas viagens longas e, em alguns casos, se o problema for hemorrágico, ele pode até ser prejudicial para conter o sangramento”, alerta o médico.

Ciente da necessidade de um atendimento especializado contra o tromboembolismo venoso e demais doenças hemorrágicas, o Hospital Sírio-Libanês criou recentemente o Núcleo de Hemorragia e Trombose. Esse grupo é constituído por experientes profissionais na área.

O Núcleo de Hemorragia e Trombose oferece consultas para prevenção e tratamento de eventos trombóticos ou hemorrágicos e também atende pacientes internados ou que passam por serviços ambulatoriais.

Em agosto de 2010, o Sírio-Libanês concluiu em todo o Hospital a implantação do Protocolo de Profilaxia de Tromboembolismo Venoso em Pacientes Internados. Elaborado por uma comissão científica especializada no assunto, esse protocolo segue recomendações da literatura médica nacional e internacional para analisar os riscos de cada paciente e, conforme suas necessidades, indicar o uso de medicamentos anticoagulantes de forma preventiva.

Para pacientes com risco elevado de tromboembolismo nervoso ou que não têm indicações para anticoagulantes, pode ser necessário o uso de meias elásticas antitrombóticas e dispositivos mecânicos que massageiam as pernas.

Medidas como estar bem hidratado e se movimentar com frequência também ajudam na prevenção do tromboembolismo. Isso vale para pacientes internados, que passaram em cirurgias ou durante as longas viagens de avião.

Fale com seu médico. A trombose é grave, mas a avaliação do risco e o tratamento preventivo podem ser simples.

Hematologia