QUEDAS EM IDOSOS: por que acontecem e como prevenir dentro e fora de casa

As quedas são um dos problemas de saúde mais comuns e preocupantes entre pessoas idosas. Embora crianças e adultos também possam cair, os impactos para a saúde a partir dos 60 anos tornam-se muito mais graves. Estima-se que cerca de 30% a 40% dos idosos acima dessa idade sofram pelo menos uma queda ao ano. Entre aqueles com mais de 80 anos, esse número chega a 50%.

Mais do que um simples acidente, a queda representa a principal causa externa de morte entre idosos. Também está associada a maior risco de internações hospitalares e perda de autonomia. Um dado importante é que 90% das fraturas de fêmur nessa faixa etária ocorrem por causa de quedas, e cerca de 30% das pessoas que sofrem esse tipo de fratura não conseguem retomar suas atividades da mesma forma que faziam antes do acidente. Por isso, além da prevenção das quedas, é fundamental avaliar a saúde óssea e tratar adequadamente a osteoporose, uma vez que essa condição aumenta o risco de fraturas graves. O acompanhamento médico regular e exames como a densitometria óssea permitem identificar precocemente a fragilidade dos ossos e reduzir significativamente as consequências das quedas.

Um ponto essencial é reconhecer os sinais de alerta. Perguntas simples podem ajudar a identificar quem precisa de uma avaliação mais aprofundada: a pessoa caiu ou quase caiu no último ano? Sente desequilíbrio ao andar? Tem medo de cair? Se a resposta for “sim” a qualquer uma dessas questões, é fundamental buscar avaliação geriátrica para investigar marcha, equilíbrio e outros fatores de risco. Além disso, quando a queda exige atendimento em pronto-socorro, é importante que o idoso receba orientações de continuidade do cuidado, para evitar novos episódios. O Hospital Sírio-Libanês possui um serviço diferenciado no atendimento da pessoa idosa: todo idoso que procura o pronto-socorro devido a uma queda passa por uma avaliação direcionada para os fatores de risco e recebe instruções específicas de prevenção, saindo engajado no próprio cuidado.

As causas de quedas são variadas e muitas vezes se somam, podendo inclusive ser um indicativo de que algo não vai bem com a saúde do idoso. Entre os principais fatores de risco estão problemas de memória, doença de Parkinson, alterações visuais, queda de pressão ao levantar-se (hipotensão ortostática), depressão, ansiedade, medo de cair, diabetes, desnutrição, deficiência de vitamina D, uso de calçados inadequados e necessidade de auxílio nas atividades do dia a dia. O uso de múltiplos medicamentos — em especial os sedativos — também aumenta o risco. O ambiente tem papel decisivo: pisos escorregadios, tapetes soltos, má iluminação e ausência de corrimãos são fatores que elevam consideravelmente as chances de acidentes. Nesse ponto, familiares e o próprio idoso podem atuar ativamente, promovendo adaptações de acordo com as necessidades individuais.

Quando a queda acontece, o processo de reabilitação depende tanto da causa quanto das consequências sofridas. Mais do que tratar as lesões, é essencial engajar o idoso e a família em ações educativas, adaptar o ambiente doméstico e, quando necessário, contar com apoio de cuidadores e amigos. Muitas vezes, o maior desafio é vencer a resistência em reconhecer que o risco aumentado de quedas exige mudanças de hábitos e de comportamento, além de modificações na casa. Todas essas medidas, no entanto, podem ser decisivas para prevenir novos episódios.

A prevenção de quedas envolve também uma nutrição adequada, já que a perda de massa muscular e óssea aumenta a fragilidade do corpo. Uma dieta equilibrada, rica em proteínas, cálcio e vitamina D, associada à prática regular de atividade física, ajuda a manter a força muscular e a saúde dos ossos. Exercícios que trabalham equilíbrio e postura, como tai chi chuan, têm resultados comprovados na redução do risco de quedas.

Além das mudanças de hábitos e do ambiente, a tecnologia pode ser uma aliada. Já existem dispositivos vestíveis, como pulseiras, colares e relógios, que detectam quedas e avisam familiares ou acionam serviços de emergência. Outros recursos aumentam a segurança em casa, como luzes com sensores de movimento, barras de apoio, assentos adaptados e acessórios que facilitam tarefas cotidianas.

O sedentarismo, por sua vez, é um inimigo silencioso. A falta de atividade física acelera a perda de massa muscular — um processo chamado sarcopenia — que compromete a força, o equilíbrio e a mobilidade. Por isso, a prática regular de exercícios de fortalecimento, treino de marcha e equilíbrio é fundamental para manter a independência e reduzir riscos.

Em resumo, a queda em idosos não deve ser encarada como algo “normal da idade”, mas como um evento que merece atenção e prevenção. O cuidado deve ser multidimensional, preferencialmente por uma equipe especializada em geriatria e gerontologia, com diagnóstico adequado, tratamento dos fatores de risco e atenção especial à saúde óssea e à osteoporose. Assim, somando saúde física, nutrição, ambiente seguro, apoio familiar, tecnologia e serviços de saúde engajados na prevenção, é possível reduzir significativamente o risco de acidentes e garantir uma vida mais saudável e independente na velhice.