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Meu filho precisa operar o coração: O que esperar?
O coração é um órgão complexo e cheio de estruturas que precisam estar bem conectadas para fazê-lo funcionar com perfeição. Quando um bebê nasce com uma cardiopatia congênita, significa que alguma “peça” dessa engrenagem não está ideal.
Felizmente, grande parte das cardiopatias congênitas pode ser corrigida cirurgicamente e a maioria dos pacientes pode levar uma vida semelhante à das crianças típicas. A seguir descreveremos brevemente a participação da equipe cirúrgica no processo de tratamento destas crianças:
Consulta Pré-operatória Primeiramente a equipe cirúrgica avalia, em conjunto com o time de cardiopediatria, a indicação de cirurgia e qual o melhor momento para sua realização.
Após realizados todos os exames diagnósticos, o(a) cirurgião(a) deve conversar com a família e explicar todas as alternativas cirúrgicas, assim como os riscos e benefícios de cada procedimento. É de extrema importância que as dúvidas e questionamentos sejam esclarecidos nessa etapa.
O Ato Operatório? O primeiro passo é a realização da anestesia, momento em que acontece a administração de medicações para a criança dormir e não sentir dor, além da instalação de sondas e cateteres para monitorização dos sinais vitais.
O corte, também chamado de incisão, pode ser feito em diversos locais do tórax (Figura 1). Para correção da maioria das cardiopatias congênitas é realizada uma Esternotomia Mediana, incisão feita bem no meio do tórax. Outros tipos de incisão podem ser realizados e seu tamanho varia dependendo da cardiopatia e da técnica escolhida pelo(a) cirurgião(ã).
Nas cirurgias que precisam de correção dentro do coração ou nas principais artérias é necessária a utilização de um aparelho que realiza a circulação extra-corpórea, ou CEC. Essa máquina faz as funções do coração e do pulmão enquanto o cirurgião conserta o defeito cardíaco congênito do paciente porque para operar “dentro” do coração, é preciso fazer com que ele pare de bater. Nas correções que podem ser feitas com o coração batendo, a cirurgia pode ser feita sem o uso da CEC.
As técnicas de correção são muito variáveis, dependendo do defeito a ser corrigido e da operação proposta. Há casos em que são utilizados remendos especiais para fechar defeitos septais (os chamados “buraquinhos”) e para ampliar regiões estreitas ou estenóticas; também pode ser necessário eliminar tecidos doentes ou em excesso, conectar vasos, remendar valvas com suturas específicas e até mesmo substituir essas estruturas por próteses.
Logo após passar pela correção e pelo período de CEC e parada controlada (isquemia), o coração pode precisar do suporte de medicações para manter a contratilidade e a pressão arterial. Quando definido pela equipe cirúrgica que o funcionamento da circulação sanguínea está ótimo e que não existem sangramentos significativos, começa o preparo para o fechamento da incisão e término da cirurgia. Se o sangramento persistir, fatores de coagulação adicionais precisam ser administrados.
O Fechamento do Tórax é o procedimento de aproximar os tecidos através de fios de sutura. Quando o osso esterno é aberto, são necessários fios especiais para reaproximá-lo. Eles são metálicos na maioria das vezes, e com isto ficam aparentes nas radiografias de tórax. Estes fios não precisam ser removidos e o crescimento do osso vai incorporando estas estruturas, sem prejuízo nenhum.
Em cirurgias complexas de crianças muito pequenas, pode-se optar por não aproximar o esterno num primeiro momento. É colocado um curativo nas bordas da abertura. Assim, consegue-se que haja bastante espaço para o coração e o pulmão repousarem enquanto diminui o inchaço causado pela operação. Após alguns dias, o osso é suturado.
O tempo de duração da cirurgia é muito variável, mas a maior parte dos procedimentos demora de três a quatro horas para ser concluído. Nesses casos, o paciente fica no centro cirúrgico de quatro a sete horas incluindo o tempo de preparo inicial e ajuste final.
Complicações pós-operatórias Apesar de indesejadas, complicações cirúrgicas e pós-operatórias podem ocorrer. Praticamente todos os órgãos podem ser afetados, uma vez que estamos lidando com casos de alta complexidade. Coração e pulmões são os que apresentam a maior chance de ter alguma intercorrência. O risco de infecção no pós-operatório deve ser considerado.
A maior e mais temida de todas as complicações é o óbito. A chance de morrer durante ou logo após uma cirurgia depende de múltiplos fatores como o tipo de afecção, a cirurgia propriamente dita, a experiência de toda a equipe e do hospital, além do(a) cirurgião(ã). Havendo cirurgias com risco próximo de zero e outra com risco próximo de 10%.
Alta Hospitalar A quantidade de dias em que o paciente permanece no hospital depende de uma série de fatores, mas os mais importantes são: o tamanho da cirurgia e a presença ou não de complicações no pós-operatório.
Acompanhamento pós-operatório O paciente deve ter o acompanhamento da equipe cirúrgica especialmente nos primeiros meses após a operação. A cicatrização completa dos tecidos se dá apenas após 90 dias, em especial do osso esterno.