Da embriaguez ao câncer. Saiba o que o álcool provoca em seu organismo

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​​​​Em uma lista com 194 países, o Brasil está na 53ª posição entre os que mais bebem. O consumo médio de bebidas alcoólicas pelos brasileiros equivale a 8,7 litros de álcool puro por ano, enquanto a média mundial é de 6,2 litros. Esses dados foram divulgados recentemente pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e se referem a um levantamento feito com pessoas maiores de 15 anos de idade entre 2008 e 2010.

Você sabia que...

  • o consumo precoce de álcool (na adolescência) pode levar mais facilmente à dependência desta substância?
  • o álcool, a longo prazo, pode causar atrofia cerebral e reduzir a capacidade de raciocínio?
  • ​as bebidas energéticas podem “mascarar” a sensação de embriaguez, fazendo com que a pessoa beba mais do que está acostumada?
  • a ingestão de álcool com bebidas ricas em cafeína pode provocar disritmia cardíaca?
  • o consumo de álcool com medicamentos à base de acido acetilsalicílico (AAS) e antiinflamatórios, como diclofenaco, ibuprofeno e nimsulida, pode levar a irritação e sangramento gástrico?
  • a ingestão de bebida alcoólica com medicamentos ansiolíticos, como o benzodiazepínicos, pode potencializar o efeito do álcool e da sedação e provocar falta de coordenação motora e, em alguns casos, parada cardíaca?

Nunca se automedique!

Pergunte sempre ao seu médico sobre possíveis efeitos do álcool em seu tratamento.

Apesar da ingestão de álcool no Brasil ter diminuído em relação a 2000, quando a média era de 9,8 litros, a OMS prevê crescimento do consumo no País nos próximos anos, podendo ultrapassar os 10 litros de álcool por ano. A Bielorrússia ocupa hoje o topo da lista, com uma média de consumo anual de 17,5 litros de álcool por habitante.

A cerveja representa 60% do consumo de álcool no Brasil e os homens bebem três vezes mais do que as mulheres. Durante o período analisado pela OMS, os brasileiros ingeriram, em média, 13,6 litros de álcool por ano e as brasileiras 4,2 litros.

O álcool, segundo o dr. Mario Kondo, gastroenterologista no Sírio-Libanês e professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), provoca efeitos agudos e crônicos em seus consumidores.

Entre os efeitos agudos, a embriaguez é o mais comum. Ela depende da quantidade de álcool consumida e da resistência de cada pessoa para a bebida, mas em geral, os primeiros sintomas de embriaguez podem ocorrer minutos depois da ingestão. São eles: euforia, sensação de liberdade e redução da coordenação motora, sendo que estes dois últimos sintomas vão piorando se a pessoa continuar bebendo. Nos estágios mais avançados, após horas bebendo, a embriaguez pode provocar mal-estar, náuseas, vômitos e dor de cabeça.

Embora sofra variação de pessoa para pessoa, sendo que nas mulheres tende a ser mais lento, o tempo necessário do organismo para se livrar do álcool pode ser estimado em uma hora para cada dose consumida, independentemente da bebida. Ou seja, o tempo médio de absorção de uma latinha de cerveja, uma taça de vinho ou um copinho de cachaça é de uma hora. Apesar de serem bebidas com diferentes teores alcoólicos, elas geralmente são servidas em recipientes com tamanhos distintos. As mais fortes vêm, em geral, em copos menores.

Em relação aos efeitos crônicos provocados pelo álcool, o dr. Kondo explica que eles levam anos para aparecer, mas podem provocar problemas graves no fígado, como esteatose hepática e cirrose; inflamação no pâncreas; transtornos mentais, como demência; insuficiência cardíaca; lesões nos nervos das pernas e braços e até câncer.

“O álcool tem efeitos deletérios para quase todo o corpo”, afirma o gastroenterologista. “Seja para quem bebe casualmente ou para quem bebe com frequência”, acrescenta.

Homens mais resistentes?

A ideia de que os homens são mais fortes d​o que as mulheres para beber tem fundamento. Segundo o dr. Mario Kondo, uma das possíveis explicações para isso está no metabolismo masculino, que tende a ser mais rápido do que o feminino. Após a ingestão da bebida pelos homens, o álcool logo começa a ser degradado pelo estômago, enquanto que nas mulheres esse processo é mais lento.

Por isso, nos homens, faz sentido aquela ideia de que é mais difícil ficar embriagado de barriga cheia. “As comidas gordurosas ajudam a manter o álcool mais tempo no estômago e com isso a sensação de embriaguez pode retardada, mas esse fator só acontece nos homens”, enfatiza o médico.

O Sírio-Libanês conta com o Núcleo Avançado do Fígado. Médicos especializados em hepatologia, psicólogos e nutricionistas estão preparados para oferecer os serviços mais modernos para o diagnóstico, a prevenção e o tratamento das doenças relacionadas ao consumo de álcool em homens e em m​ulheres.

Efeitos do álcool no organismo

Dados aproximados de volume alcoólico:

  • Cerveja: 5%
  • Vinho: 10%
  • Destilados: 40%

Nos homens:

  • Álcool é degradado pelo estômago antes de se espalhar pelo organismo.
  • Ingestão de alimentos ricos em gordura pode retardar a embriaguez.
  • Consumo médio de álcool por brasileiro: 13,6 litros/ano*

(Fonte: OMS)

Nas mulheres:

  • Álcool não é bem degradado pelo estômago e logo se espalha pelo organismo.
  • Ingestão de alimentos ricos em gordura não interfere na embriaguez.
  • Consumo médio de álcool por brasileira: 4,2 litros/ano*

(Fonte: OMS)

Regiões afetadas em homens e mulheres:

  • Fígado
  • Pâncreas
  • Cérebro
  • Coração
  • Nervo das pernas e braços

Álcool em excesso pode alterar o controle motor, provocando quedas, traumatismos e acidentes. Em casos extremos, leva à perda das funções cerebrais, fazendo com que a pessoa aspire saliva ou bebida para o pulmão. O tempo médio necessário para o organismo se livrar do álcool é de aproximadamente 1 hora por dose consumida, independentemente da bebida.

Efeitos agudos:

Embriaguez

  • Fase inicial: euforia, sensação de liberdade e redução da coordenação motora.
  • Fase avançada: mal-estar, náuseas, vômitos e dor de cabeça.

Desidratação

  • Em casos raros, alterações no funcionamento do fígado e pancreatite aguda, quando a ingestão for maior que o habitual. (Para quem bebe, 2 ou 3 copos já podem provocar alterações. Para quem bebe, a quantidade tem que ser maior do que a de costume)
  • Enquanto estiver consumindo bebidas alcoólicas, beba bastante água. A água não interfere na embriaguez, mas ajuda a manter o corpo hidratado, reduzindo os sintomas da ressaca.

Possíveis efeitos crônicos

  • Esteatose hepática alcoólica
  • Cirrose
  • Pancreatite crônica
  • Demência
  • Insuficiência cardíaca
  • Neuropatia dos nervos periféricos (pernas e braços)
  • Infertilidade
  • Impotência sexual
  • Câncer de boca, no fígado, no esôfago, no pâncreas, entre outros.

Alimentação e bem-estar