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Cirurgias Mamárias: Saiba Mais
Hospital Sírio-Libanês
4 min de leitura
Existem basicamente três formas de cirurgias mamárias para tratamento de câncer:
- Mastectomia.
- Adenectomia.
- Ressecção segmentar (ou quatrantectomia).
Esses procedimentos quase sempre são acompanhados da dissecção (exploração) de linfonodos axilares total ou parcial, guiada pela biópsia de linfonodo sentinela.
Mastectomia
A mastectomia é a retirada total da mama, com pele, aréola e mamilo. É a opção mais segura para tumores extensos. Quando é realizada atualmente é quase sempre acompanhada de reconstrução mamária imediata, que proporciona resultados bastante satisfatórios.
A retirada de uma quantidade limitada de pele, incluindo a remoção de aréola e mamilo, recebe o nome de mastectomia preservadora de pele (skin-sparing mastectomy). Esta variante é muito usada para tumores de localização central e não muito grandes.
Adenectomia
Outra modificação da mastectomia é a adenectomia mamária, com a retirada de todo o corpo glandular, porém preservando-se na íntegra a pele, a aréola e o mamilo. Pode ser executado para tumores pré-infiltrativos, ou para pequenos tumores multicêntricos, sempre que as lesões estiverem a pelo menos 2 cm da aréola.
A ressonância magnética prévia à cirurgia é recurso importantíssimo para autorizar a prática desta cirurgia, a qual é seguida de reconstrução, geralmente pela colocação de implante de silicone. A adenectomia pode, ainda, ser combinada com extração de pele supratumoral, quando o tumor estiver longe da aréola e for superficial.
Ressecção segmentar (quadrantectomia)
Para carcinomas de até 3 cm (ou mais em mamas muito volumosas), consegue-se praticamente as mesmas taxas de controle local com a cirurgia de remoção parcial de mama, chamada de ressecção segmentar ou quadrantectomia.
Nesta técnica, a remoção inclui o tumor, com pelo menos 2 cm de margem para cada lado, a pele acima do tumor (supratumoral) e a fáscia do músculo peitoral maior.
A presença do médico patologista na sala cirúrgica para garantir que as margens do tecido retirado estão livres de neoplasia é fundamental para o êxito desta operação.
A ressecção segmentar deve ser complementada pela radioterapia, de forma a reduzir o risco de recidiva local da doença. O tratamento com radiação pode ser realizado na forma tradicional, com 25 aplicações em toda a mama, ou ainda durante a cirurgia (RT intraoperatória), em dose única. Esta última modalidade irradia apenas parte da mama, a região adjacente ao tumor, e é boa opção para casos bem selecionados.
Definição do tipo de cirurgia
Não existe uma cirurgia ideal para todas as pacientes. A escolha do tipo de cirurgia é individualizada, analisando-se o tamanho da mama e o tipo, a localização e as dimensões do tumor. E, acima de tudo, deve-se ouvir e respeitar a opinião da paciente, após ter sido bem informada e ter recebido todos os esclarecimentos necessários.
Dissecção axilar seletiva
A dissecção de linfonodos (gânglios) axilares é necessária porque os carcinomas de mama se disseminam por essa via. A retirada dos linfonodos infiltrados pela neoplasia é importante para evitar retorno do tumor (recidiva) na axila, além de oferecer parâmetros prognósticos da doença, fundamentais para se entender a necessidade de tratamentos adicionais.
Até o final dos anos 90, a retirada dos linfonodos da axila era sempre completa, removendo-se em média 20 linfonodos por paciente. Este procedimento acabava se mostrando exagerado para a maioria das mulheres, visto que, por exemplo, para um tumor de 2 cm, a chance de existir pelo menos um linfonodo afetado é de aproximadamente 20%.
A dissecção axilar total favorece, ainda, o aparecimento de alguns inconvenientes, como sensação de peso no braço, diminuição de sensibilidade e tendência a inchaço e infecções.
Atualmente é realizada a dissecção axilar seletiva, baseada na biópsia do linfonodo sentinela, que é, por definição, o primeiro linfonodo a receber a drenagem da mama onde está localizado o tumor. Sua identificação, biópsia e avaliação microscópica no momento da cirurgia permitem definir a extensão da dissecção axilar. Na presença de células neoplásicas acometendo o linfonodo sentinela, a retirada dos demais linfonodos axilares está indicada. Por outro lado, se ele estiver livre, a dissecção linfonodal axilar não deve ser realizada.
O linfonodo sentinela pode ser identificado por meio da injeção retroareolar ou peritumoral de corantes vitais (como o azul patente) ou de radiofármaco (tecnécio 99m).
Para tumores com diâmetro inferior a 2 cm, a capacidade do linfonodo sentinela predizer o estado da axila é de praticamente 100%. Para tumores maiores, o índice de falso-negativos gira em torno de 5%.
A dissecção axilar seletiva orientada pelo linfonodo sentinela é uma conduta válida para tumores iniciais com até 3 cm de diâmetro, desde que haja a disponibilidade de materiais e a equipe médica esteja treinada. Para tumores maiores recomenda-se realizar a dissecção total.