Depois do cigarro, o retorno da saúde
O pulmão de um ex-fumante se regenera? Conheça as etapas pelas quais o corpo passa ao se livrar do tabaco
Não tem discussão sobre isso: parar de fumar é uma das melhores decisões que se pode tomar em prol da saúde. De modo geral, todo o organismo se beneficia do fim desse vício – e os pulmões, diretamente impactados por cada cigarro aceso, são os primeiros a se valer da suspensão. Mas reverter o quadro de "ser fumante" leva tempo, muito tempo.
Quanto custa seu cigarro?
O pulmão, resiliente, começa a se curar do fumo em questão de dias. Segundo pesquisas, dentro de algumas horas sem receber a fumaça e suas toxinas, o pulmão é capaz de começar a se recobrar.
Mas se regenerar completamente do tabaco? Isso depende do tempo de tabagismo e do grau de lesões que podem ter se instalado no pulmão. Quanto mais tempo o indivíduo foi fumante, pior, claro.
Acontece que o hábito de fumar paralisa e eventualmente destrói parte da mucosa dos pulmões, enfraquecendo esse mecanismo de proteção natural – e aumentando a probabilidade de infecção.
Os danos mais comuns são o desenvolvimento de bronquite, bronquiolite e enfisema – além do câncer. A bronquite, que é a inflamação das vias aéreas mais centrais, e a bronquiolite, inflamação das pequenas vias aéreas, melhoram muito assim que o indivíduo para de fumar – e podem ser totalmente revertidas no intervalo de dois a cinco anos após a cessação do tabagismo.
"Já o enfisema, que é a destruição dos alvéolos, é irreversível", explica a pneumologista Elnara Márcia Negri, especialista do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo.
Embora os pulmões danificados nesse nível não possam se recuperar totalmente, parar de fumar ainda é a melhor maneira de limitar ainda mais a deterioração.
Alívio imediato
A ação do cigarro é um gatilho tão grave para o corpo quanto sua suspensão traz benefícios rápidos: dois dias depois de parar de fumar, o corpo está completamente livre de nicotina e de monóxido de carbono. E os nervos, responsáveis por olfato e paladar, se reavivam – fazendo a comida ficar mais saborosa, por exemplo.
Pouco tempo depois, novas melhorias: em um estudo publicado há alguns anos na revista médica "Respirology", especialistas já notavam que 15 dias depois de cessado o tabagismo, os cílios e flagelos recuperavam suas funções. Isso explicaria, por exemplo, que boa parte dos ex-fumantes para de tossir e de sentir pigarro já nos primeiros dias depois de parar de fumar.
De uma a duas semanas depois de parar com o cigarro, o pulmão irritado já consegue diminuir o número de células produtoras de muco, desbloqueando a passagem de ar e regulando a quantidade de saliva produzida, por exemplo.
Por volta de três meses sem tabaco, os seios da face estarão mais limpos e respirar é claramente mais fácil. Esse, porém, é um momento crucial do processo, quando muitas pessoas param definitivamente e outras passam pela tentação de voltar.
Para os resistentes, vai valer a pena: em 12 meses sem cigarro, o risco de ter uma doença cardíaca já reduz bastante. Outra boa notícia: após 5 anos, a probabilidade de sofrer um derrame é tão baixa quando a de um não-fumante.
A má notícia? "Além de um enfisema pulmonar, irreversível, o cigarro pode induzir o aparecimento de câncer no pulmão, bexiga, boca, esôfago, estômago e outros tipos até 10 a 15 anos depois que uma pessoa parou de fumar", diz Elnara.
Passado esse período, mais de uma década depois do último cigarro ou similar, é que um ex-fumante volta a ter a saúde comparada a de outra pessoa qualquer. Daí a suspensão do tabaco ser aquele desafio que, pensando bem, nunca deveria ter sido necessário.
Fonte: coracaoevida.com.br