É possível receber amigos em casa, desde que cuidados sejam tomados e que os grupos sejam pequenos e fechados. É o que acreditam os especialistas convidados que participaram da última live "Agora é assim?", do G1, nesta sexta-feira (11). Assista ao papo na íntegra no vídeo acima. Semanalmente, repórteres do G1 debateram com convidados, ao vivo, o legado que a pandemia deve deixar. Foram discutidas as mudanças no dia a dia, as novas formas de trabalho e lazer, a transformação na nossa relação com a tecnologia, entre outros temas. Dessa vez, a conversa foi sobre as mudanças definitivas provocadas pela Covid-19 no dia a dia dos brasileiros. Participaram da live, a última da série, o microbiologista Atila Iamarino e a infectologista Mirian Dal Ben. "A gente tem que pensar muito no lado da saúde mental também. Quem mora sozinho, ou em duas pessoas, pode escolher um grupo pequeno, com pessoas que não pertençam ao grupo de risco, se quiser receber pessoas em casa", afirmou Dal Ben. Com mestrado e doutorado pelo Departamento de Doenças Infecciosas e Parasitárias da Faculdade de Medicina da USP, ela é infectologista do hospital Sírio Libanês, em São Paulo. "E pode tomar cuidado com ar o circulando, cadeiras espaçadas. O ideal é que todo mundo fique de máscara, com álcool gel para que as pessoas possam higienizar as mãos. Dá para receber um grupo pequeno de amigos, mas é correr mais riscos do que não receber." Iamarino concorda que é possível, mas lembra há riscos mais compreensíveis. "Tem a essencialidade das coisas. Coisas muito arriscadas só compensam quando muito essenciais", diz o co-criador do "ScienceBlogs Brasil", braço em português da maior rede de blogs científicos do mundo, e do Nerdologia, canal de divulgação científica no YouTube. Preciso ir ao hospital, ficar com pessoas que podem estar com Covid, é um risco que a gente entende. Agora, 'preciso ir a uma balada fechada com 500 pessoas' é difícil de defender." Vacinas sem nacionalidade quanto às vacinas que estão em teste no Brasil e no mundo, a dupla afirma que o importante é que elas se provem eficazes, e não qual país for o desenvolvedor. "A vacina confiável é aquela que, em um grupo de milhares de pessoas vacinadas, ela as tornou imunes e não teve complicações, como respostas autoimunes, e não exacerba a situação. A vacina que foi segura, de onde for, é a que eu vou tomar", afirma Iamarino. "A vacina boa é aquela que, além de segura e eficaz, for barata e não exigir medidas extremas para transporte, como refrigeração abaixo de 80ºC. Não tem nada a ver com nacionalidade dela." Dal Ben destaca que diversas vacinas estão sendo pesquisadas, e que a diversidade vai ser importante para imunizar o maior número de pessoas possível – a melhor forma para controlar a doença. "As pessoas falam como se existisse uma super competição. Quanto mais vacinas se mostrarem eficazes na fase três melhor para a gente. A gente tem que pensar que vamos ter que vacinar o mundo inteiro. Quanto mais tiverem, mais condições vamos ter de fabricar o suficiente para vacinar um monte de gente ao mesmo tempo", afirma a infectologista Segundo o microbiologista, é preciso que pelo menos de 60% a 80% da população esteja imune para que o vírus não circule, e que vacinas de doenças respiratórias, como a gripe, só costuma ter eficiência em 60% dos casos em média. "Ter esse tipo de politização é pedir para que uma parcela da população não se vacine, e assim nunca vamos chegar a uma imunização suficiente da sociedade. Seria o pior dos cenários. Conseguir uma vacina e mesmo assim não estar protegido porque algumas pessoas não confiam." Manter o passo para não voltar ao longo da live, os especialistas abordaram também sobre cuidados ao tomar elevador e ao voltar para casa, a educação dada a crianças que estão prestes a retornar à escola e mutações do vírus. No fim, disseram que é importante se manter alerta, continuar com as medidas de segurança e não relaxar, para que a situação não saia do controle novamente. "Se a gente não tomar cuidado e manter as medidas agora, vamos ter de voltar a tomar medidas mais severas como foi no começo da pandemia", afirmou Dal Ben. "Uso de máscara por todos, o distanciamento social, fazer atividades em ambientes com boa circulação de ar, evitar superfícies muito tocadas e higienizar muito as mãos. As pessoas já sabem o que têm de fazer." Iamarino concorda. "Não contem com momento mágico, com vacina, ou pó de pirlimpimpim. Não adianta pensar que você vai ficar trancado em casa o resto da vida, mas é bom se preparar", disse o microbiologista. "Quanto mais prevenção melhor para todo mundo. Essa retomada vai ser gradual. Duvido muito que tenha um grande evento que vá mudar a situação para qualquer lado."